Médicos Residentes: Comecei o R1, como me destacar?

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Você conseguiu, agora faz parte do grupo que é fundamental para a manutenção do serviço de saúde no país: os médicos residentes! Comemoração, champagne e gratidão.

médicos residentes comemorando aprovação

Música tocando ao fundo enquanto você, em sua cadeira de praia, agradece o quanto a vida é boa; o movimento das ondas, indo e vindo num balanço sem fim te relaxam cada vez mais.

Mesmo que nada disso aconteça de verdade, é essa a sensação do médico nos dias após receber a sua notícia de aprovação na residência médica que sempre sonhou.

Esses mesmos médicos residentes, meses depois, se deparam com uma realidade bem diferente da “sensação de vida ganha” com a qual se encontravam há pouco tempo.

Quanto mais desafiador foi passar na residência, quanto mais candidatos por vaga, quanto mais a instituição é de renome, maior é o desafio após o início do seu programa.

Todos os médicos residentes (pelo menos durante o R1) se sentem deste modo: há uma pressão contínua para se provar. E aí sou obrigado a te perguntar:

  • Você também sente ou já sentiu isso?
  • Está tendo a sensação de que você nunca vai ser bom o suficiente, por mais que você tente?
  • Ou pior, está ainda se preparando para suas provas de residência, mas morrendo de medo do dia em que vai ter que lidar com esse tipo de pressão?

Então continue lendo esse texto para que você aprenda não só a lidar com a pressão, mas também consiga as soft skills (habilidades não-técnicas) que você precisa desenvolver para se destacar entre os médicos residentes desde o início do R1.

Médicos Residentes precisam de auto responsabilidade

Beleza, você sabe de insuficiência cardíaca, mecanismo de Frank-Starling, furosemida, ivabradina e propranolol. Em 30 segundos no pronto-socorro você consegue diagnosticar uma Insuficiência Cardíaca perfil B e prescrever o tratamento correto (sem esquecer de vasodilatar!).

E você faz tudo certo. Geralmente. Exceto quando você está há 36 horas de plantão – e sem dormir nas últimas 24.

Eu conheço a sensação. 

O café para de fazer efeito. Você entra em piloto automático e começa a misturar o prontuário do Adelson com o do Abílio. Começa a anotar débito urinário de 1500ml/24h em paciente renal crônico dialítico. “Foi do Jorge mesmo que a gente sacou o cateter hoje pela manhã?”.

Vamos ser sinceros: é uma sensação de m$%#@. Mas, pior que isso, é a segurança do paciente em jogo.

E o que um bom residente faz nessa situação?

médicos residentes são auto responsáveis
“Faço o que sempre fiz: cumpro a missão. Sem mimimi”

Vestir a capa de super-homem nessa hora e não demonstrar fraqueza para os seus pares pode ser o que é esperado de você. Será que é isso mesmo o esperado? E mais importante, é o certo?

Lembra da célebre frase: primum non nocere? Ou ficou lá atrás, nas aulas de semiologia do segundo ano?

Responsabilidade com o paciente!

Sua responsabilidade tem que ser sempre com o seu paciente. Se estiver cansado e avaliando que não está na sua melhor condição, peça ajuda:

  • Peça ajuda para a enfermagem e cheque se eles acham certo as decisões que você está tomando;
  • Peça para seu colega te substituir duas horas enquanto você vai dormir, para que consiga dar o seu melhor quando voltar (algum dia ele vai te pedir o mesmo);
  • Discuta e “rediscuta” os casos com seu(s) chefe(s) para garantir que está fazendo o melhor pelo seu paciente.

E aí sim: cumpra a sua missão. 

Vai ser cobrado de você que tenha visto bem todos os pacientes – raramente querendo saber se você está há 30 horas sem dormir. Principalmente se essas horas sem dormir são devidas a plantões realizados fora da residência.

E se você tiver cometido algum erro – seja por imperícia, imprudência, ou negligência – o pau vai comer. Com razão.

Mas e aí? Nesse ponto do texto você já entendeu que alguma hora vai acontecer algum erro, certo?

O que fazer?

Ter autorresponsabilidade é cumprir o que é proposto e assumir os erros quando eles acontecerem, sem reclamar ou culpar a enfermagem, os outros médicos residentes, ou as circunstâncias. 

Ficar reclamando é fazer parte do problema, e não da solução. 

Falo com conhecimento de causa – já fiz parte do problema. Não vale à pena.

Se você tiver esse tipo de responsabilidade, pode ter certeza de que já vai se destacar sobre 90% dos médicos residentes, simplesmente por estar consistentemente fazendo o melhor pelos seus pacientes. 

Mas isso não é tudo…

Aprimoramento Contínuo

A residência médica é o ambiente na sua carreira em que você vai ter o maior aprendizado em um menor espaço de tempo.

Muito disso se deve à grande carga de trabalho que você terá e à grande pressão para resolver as missões que lhe forem dadas. Vai haver muito crescimento em soft skills, mas também é esperado de você que cresça muito tecnicamente.

carga horária de estudos dos médicos residentes

Eu sei que a carga horária vai ser extenuante. Você já deve ter passado, ou até estar passando por isso no internato.

Mas não dá para ficar aprendendo “de orelhada” para o resto da vida! Você vai ter que estudar muito se quiser ser um bom residente e se destacar. 

Achou que não ia mais passar por isso? Tenho más notícias…

Médicos se respeitam uns aos outros mais pelo conhecimento técnico do que por qualquer outra coisa, na maioria das vezes. 

Você pode ser o cara mais proativo, responsável, ético e de bom relacionamento. Se precisar pedir ajuda para diluir a noradrenalina mais de uma vez, já era a sua reputação. Você tem que saber, ainda que minimamente, se virar sozinho e ter noção de onde procurar esse conhecimento. Principalmente se já estiver no 4º mês de residência.

Mas fique calmo(a). O estudo nessa época da vida deve ser bem diferente do estudo voltado para as provas. 

O seu aprimoramento deve ser 100% via estudo ativo e baseado nos casos de pacientes que você vê durante o dia na residência. Preferencialmente, ele deve ocorrer logo depois de você ver o caso, durante a prescrição, logo antes da discussão, enfim. Em todas as situações possíveis você tem que buscar continuamente a melhor evidência disponível.

E lembre-se que você não vai estudar apenas para impressionar os seus pares, ou seus chefes. Mas principalmente para dar o melhor tratamento possível, que é o que o seu paciente merece. Tenho certeza de que é o que você buscará, quando ficar doente.

Destacar-se e impressionar os seus colegas médicos residentes e chefes será mera consequência de fazer isso com disciplina em todas as semanas dos seus anos como residente.

Beleza. É só isso?

Não. tem mais!

Comunicação Assertiva

Não tem nada que tire mais a credibilidade de um médico do que um prontuário mal escrito, desorganizado ou desleixado. O que inevitavelmente resulta em um caso mal passado.

Como médicos residentes, sempre teremos uma carga de trabalho importante e provavelmente a sensação de que tem mais trabalho do que conseguimos dar conta.

“Como dar conta de tudo?” – a mesma pergunta que você se faz durante a preparação para as provas de residência, em relação às apostilas, você fará durante seus anos como residente. A resposta está nas habilidades: organização, eficiência e assertividade.

Durante a sua prática diária, constantemente você discutirá casos clínicos com os seus chefes. Eles utilizarão as informações que você passar para a tomada de decisões em relação aos pacientes. Caso você tenha uma comunicação ruim, pouco clara ou prolixa, você afetará a qualidade da assistência à saúde prestada aos seus pacientes.

Da mesma forma que o paciente ansioso tende a ter maior mortalidade, por muitas vezes ter seus sintomas negligenciados (veja a história do pastor e o lobo), se você não for assertivo e claro em sua comunicação, ocorrerá o seguinte:

  • Seus colegas/chefes interpretarão de modo incorreto as histórias dos pacientes que você vê;
  • Devido a isso, tomarão as condutas erradas em relação a eles;
  • Ocorrerá uma maior morbimortalidade decorrente da sua prática;
  • Inevitavelmente, as pessoas começam a notar;
  • A sua reputação vai para o ralo.

Em suma, você será visto como um médico residente ruim por se comunicar mal. Independentemente do tanto de medicina que você saiba, estude e pratique.

E afinal, como se comunicar de forma assertiva? 

É ter uma comunicação clara, sem rodeios, em alça fechada (exatamente como naquele primeiro capítulo do ACLS que ninguém lê, mas que é o mais importante) e sem ruídos. Ou seja, em que não existe diferença entre o que se fala pelo interlocutor e o que se entende pelo ouvinte.

É sua responsabilidade se comunicar dessa maneira e exigir de seus colegas o mesmo.

Inclusive, sugiro que você faça o nosso Desafio ACLS, que é grátis, interativo, rápido e traz um caso em que o desfecho do paciente de um caso clínico está em suas mãos! A depender de como você conduza a situação, por meio das perguntas que você vai responder, o paciente pode sobreviver ou vir a óbito. Topa encarar o desafio para saber se você está afiado no assunto e depois voltar aqui para compartilhar seu resultado com a gente nos comentários? É só clicar AQUI.

como um médico residente deve passar o plantão
Nada melhor do que uma passagem de plantão clara e decente para quem está chegando.
Obs: imagem retirada de aula do PSMedway, módulo COVID

Bons Médicos Residentes têm Paixão

Por último e certamente não menos importante – apesar de não ser uma soft skill – você precisa ter paixão pelo que você faz para conseguir se destacar. Paixão pelo processo, e não só pelo destino final. 

Não adianta só gostar. Também não adianta gostar muito. E muito menos adianta ter escolhido pensando que vai te render muito dinheiro no futuro.

É só paixão que vai segurar sua escolha durante as cargas horárias extenuantes e não fazer você entrar em Burnout e jogar tudo para cima.

Os dias não serão fáceis, e é muito comum “espanar” durante a residência. Não no sentido de desistir no meio – o que de fato não ocorre muito. O que mais ocorre é a pessoa perder a paixão pela melhoria contínua, jogar a toalha em relação à auto responsabilidade e não se importar mais em se comunicar com clareza.

O que é mais comum é se contentar com a mediocridade.

É nesse momento que as escolhas do tipo “porque dá dinheiro” não se sustentam.

Mas pode ter certeza de que, se você fez a escolha pelos motivos certos, terá muito reconhecimento de outros médicos residentes, chefes e pacientes. Com isso estará feliz e desenvolverá um grande prazer por continuamente melhorar no que você gosta de fazer.

Pode ter certeza de que se tiver as habilidades acima aliadas à paixão pelo que faz, nunca precisará se preocupar em se destacar. 

Isso ocorrerá naturalmente em qualquer ambiente em que você trabalhar. 

se destaque como médico residente
Muitas portas se abrirão caso você se destaque como médico residente

Mas caso nada disso faça sentido para você, já que você ainda está 100% focado na preparação para seu momento de ser residente e não quer saber dos perrengues que vai passar (ainda). Deixa a Medway te ajudar a se preparar para a segunda fase da prova de residência.

Conheça a prova prática como ela realmente é! Entenda o que será cobrado de você na segunda etapa da prova de residência dos seus sonhos e veja como você não estava preparado. 

AlexandreRemor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor