Você já viu alguma criança com lesões parecidas com essas abaixo? Sim ou não, vamos juntos percorrer essa doença. O tema de hoje é o molusco contagioso!
Trata-se de uma dermatovirose extremamente comum na faixa etária pediátrica, sendo causada pelo vírus Molluscipoxvirus da família Poxviridae. A transmissão ocorre principalmente por contato direto com a pele infectada, podendo ser sexual (caso haja lesões nas regiões genitais), não sexual ou autoinoculação (arranhados ou simplesmente tocando as lesões).
Um detalhe muito importante lembrar que, em crianças pequenas, a presença de lesões na região genital pode levar à suspeita de abuso sexual, apesar da autoinoculação ser mais frequente. Nessas situações, cabe ao pediatra avaliar a situação minuciosamente, com exame físico e anamnese detalhados, além de avaliar o comportamento e contradições na história clínica.
Já sabemos o que é o molusco contagioso, agora vamos descobrir como se manifesta. As lesões do molusco contagioso são caracterizadas por pápulas arredondadas, firmes, de 2 a 5 mm, rosadas ou da cor da pele, com superfícies brilhantes e umbilicação central.
Para você nunca mais esquecer. Leia novamente a descrição acima e observe a imagem abaixo! É exatamente assim que acontece:
Vamos dar um zoom na lesão para observarmos melhor suas características:
Novamente: pápulas arredondadas, firmes, de 2 a 5 mm, rosadas ou da cor da pele, com superfícies brilhantes e UMBILICAÇÃO CENTRAL.
As lesões ocorrem principalmente no tronco, face e extremidades e – raramente – são generalizadas. Podem ainda acometer na pálpebra, levando à conjuntivite.
Elas podem permanecer por um longo período, de 6 a 9 meses, mas algumas podem durar até 3 a 4 anos para desaparecerem completamente! É muito tempo mesmo!
Além das lesões típicas, pode ocorrer ainda a dermatite relacionada ao molusco contagioso, que corresponde ao desenvolvimento de placas eritematosas ao redor das lesões do molusco.
E como ter certeza? O diagnóstico é essencialmente clínico, já que as lesões são bem características, Em alguns casos muito duvidosos, podemos lançar mão da avaliação histológica da curetagem de uma das lesões. Espera-se encontrar grande quantidade de material viral (eosinofílico) deslocando o núcleo para a periferia celular:
Sabemos praticamente tudo sobre a doença! Agora, só falta sabermos o tratamento do molusco contagioso, certo? Infelizmente, esse tópico é controverso na literatura. Como a evolução das lesões é benigna e autolimitada (apesar de poderem demorar muito para desaparecer), tende-se a não indicar nenhum tipo de tratamento. Contudo, algumas referências apontam a indicação de remoção das lesões visando alguns objetivos, como o alívio do desconforto, o aspecto pouco estético das lesões e a redução da autoinoculação e da transmissão para outras crianças.
Quando for indicado a remoção física das lesões, alguns métodos podem ser utilizados:
Notem que a remoção física das lesões não é um processo tão tranquilo, principalmente quando estamos lidando com crianças! Por isso, cada caso deve ser avaliado e muito bem discutido com os pais e – quando possível – com a criança, se a mesma tiver idade para compreender.
Fechado? Nos vemos na próxima!
Pra cima!
Mineiro apaixonado pelo seu estado, nascido em Varginha em 1991. Formado pela Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS) em 2015. Experiência como segundo Tenente da reserva do Exército Brasileiro, fez Residência em Pediatria e em seguida Neonatologia, ambas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestrado no programa de pós-graduação em Saúde da Criança e Adolescente, também na UNICAMP. Cada vez mais fascinado pelo ensino médico.