Pensa em duas especialidades médicas que, além de exigentes na formação, atuam em parceria. Claro que cada uma na sua especificidade! Tanto o neurocirurgião ou neurologista são especialistas que em muitos casos vão trabalhar juntos, de modo a complementar a atuação um do outro. Mas eles também possuem diferenças práticas no que tange ao tratamento aplicado, aos meios de diagnóstico, a necessidade de intervenção cirúrgica e no acompanhamento pós-cirúrgico dos pacientes.
O que a gente tem como missão é te mostrar que o neurologista, assim como o neurocirurgião, têm na sua prática profissional uma correlação de atividades. A principal diferença é que enquanto o neurologista se insere no campo clínico, o neurocirurgião é quem vai realizar os procedimentos cirúrgicos.
E nós sabemos que, por conta da correlação de atividades entre algumas áreas da medicina, que buscam atuar em conjunto na busca por melhores diagnósticos e tratamento para os pacientes, isso coloca um baita dilema no coração de quem está na preparação para a residência médica. Pra acabar com suas dúvidas na hora de escolher qual caminho seguir na especialização, a gente vai te contar tudinho sobre a atuação do neurologista e do neurocirurgião, e o que há de comum entre cada uma delas! Aí, é só você ver qual delas se encaixa mais no que você deseja pro seu futuro!
Pra você se situar melhor, vamos abordar aqui as características comuns aos dois médicos especialistas: o neurologista e o neurocirurgião. E, ao longo desse artigo, a gente vai pontuando as principais diferenças na formação e na prática profissional.
A parceria entre o neurologista e o neurocirurgião é importante para tratar dos casos de problemas relacionados ao sistema nervoso. Como cabe ao neurologista a responsabilidade pela parte clínica, é por meio de exames clínicos, laboratoriais e de imagem que ele será capaz de diagnosticar e prescrever o melhor tratamento para cada caso. E, havendo necessidade de algum tipo de intervenção cirúrgica, entra em cena o neurocirurgião. O neurocirurgião é o médico habilitado para realizar procedimentos cirúrgicos no sistema nervoso, e peça fundamental para definir a necessidade de cirurgia ou em outros tipos de tratamentos menos invasivos.
E agora que você já sabe quem está no campo da clínica e quem pode atuar na área cirúrgica, vamos conhecer um pouco mais sobre cada uma dessas duas especialidades, suas especificidades, principais enfermidades atendidas, como está hoje o mercado de trabalho e quais são os passos a seguir para a formação – nas residências médicas de neurologia e neurocirurgia. Vem com a gente!
A neurologia é a especialidade médica responsável pelo cuidado do sistema nervoso central e periférico, o que inclui o cérebro, a medula e os nervos, além de algumas doenças musculares. E o médico neurologista é aquele que detém um amplo conhecimento das doenças que acometem essa parte do corpo, e por isso é o profissional mais requerido para identificar e tratar de problemas como: AVC, epilepsia, doenças neuromusculares, dores de cabeça, transtornos do movimento, Alzheimer, tonturas, insônia, convulsões, problemas de memória e até confusão mental.
Por conta da sua atuação essencialmente clínica, exames como tomografia, ressonância magnética, eletroencefalograma, doppler, punção lombar, eletroneuromiografia, além de exames de sangue costumam ser solicitados pelo médico neurologista. Após análise, ele vai indicar os tratamentos e os medicamentos mais adequados e necessários para cura da doença ou para o aumento da qualidade de vida do seu paciente. Isso quer dizer que em alguns casos, o neurologista também vai ter que atuar em conjunto com outros especialistas – como por exemplo, fisioterapeutas e fonoaudiólogos – para que o tratamento seja mais eficiente.
A maioria dos médicos que se tornam especialistas em neurologia encontram oportunidade de trabalho como plantonistas nas emergências, e no acompanhamento de pacientes internados em enfermarias especializadas. A demanda de recém-formados costuma ser bem absorvida pelos postos de saúde, ambulatórios, pronto-atendimento e hospitais gerais, uma vez que é no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas suas unidades de saúde municipais, estaduais e federais que se requisitam frequentemente por esse especialista.
Mas isso não tira do foco as instituições particulares administradas e mantidas por planos de saúde, que por causa da expansão das redes, abrem cada vez mais espaço para a contratação de neurologistas e suas subespecialidades.
Se você tem vontade de atender em consultórios particulares, isso pode ser um entrave: a falta de experiência e tempo de atuação nem sempre é bem-vista e por isso, nem todos conseguem seguir por esse caminho logo após o término da especialização. Uma opção é associar-se a outros profissionais mais experientes e consagrados na área, para ganhar seu espaço e experiência neste nicho.
Em contrapartida, para aqueles que adoram encarar novos desafios, atuar na educação médica, como professor universitário, pode ser uma boa! Mas para isso, é necessário incluir no seu currículo um mestrado ou doutorado se o seu caminho é a área acadêmica. Se não, aliar a experiência do consultório com cursos preparatórios pode ser um diferencial no mercado. Se você tem um perfil concurseiro, saiba que não faltam oportunidades nos hospitais universitários federais e estaduais. Mas tem que estudar pois a concorrência é grande!
E a gente sabe que a vida do jovem médico é pagar boletos e estudar cada vez mais! E pra encher o cofrinho, é legal saber que o salário de um neurologista pode variar de acordo com a região de atendimento. Em São Paulo, por exemplo, a média é de R$6,4 mil por 17 horas semanais. Já em Brasília, uma jornada de 16 horas semanais pode pagar R$7,5 mil mensais. No Rio de Janeiro, 22 horas semanais podem dar origem a R$9,4 mil.
Mas fica ligado, outros fatores também interferem nos rendimentos, tais como tipo de empresa – pública ou privada – e anos de experiência na área. Se quiser saber mais, dá uma olhada neste artigo que fizemos sobre quanto ganha um neurologista no Brasil.
Pra cuidar dos distúrbios estruturais do sistema nervoso, são necessários, em média, 9 anos de estudos: concluir a graduação em medicina e partir para mais 3 anos de residência médica para conseguir o título de especialista nessa área. Mas nem sempre foi assim, não! Antes de 2019, quando se definiu que para a Neurologia, o acesso à residência seria direto, era preciso fazer Clínica Médica antes!
Algumas instituições de São Paulo, como a USP, têm como diferencial a oferta de mais um ano de residência, o R4, em que você pode optar por saber mais sobre a Neurofisiologia Clínica, a Epilepsia ou as Moléstias Neuromusculares. Mas a maioria das residências tem 3 anos de duração, o que te impulsiona a buscar por subespecialidades focadas no público-alvo do tratamento – crianças ou adultos, nos problemas congênitos ou ainda no tipo de doença neurológica. E aí, um universo de possibilidades se abre: Neurologia Infantil, Neurobiologia, Neuropsiquiatria, Neurofisiologia, Distúrbios da dor ou Distúrbios do sono.
O neurocirurgião é o médico que vai tratar de diversas doenças que acometem o sistema nervoso central e periférico: cérebro, nervos e coluna, mas o enfoque é a cirurgia – por conta do seu conhecimento aprofundado em técnicas cirúrgicas, traumas, neuroanatomia e terapias intensivas. E é por isso que a avaliação dele é tão importante para descartar a possibilidade de procedimentos operatórios invasivos e promover o encaminhamento a outros especialistas, como o neurologista, reumatologista, por exemplo.
Cabe ao neurocirurgião também, a tarefa de acompanhar o pós-cirúrgico dos pacientes operados por doenças graves relacionadas ao sistema nervoso.
Então, funciona assim: há diagnóstico de doenças cerebrais ou distúrbios de ordem neurológica que necessitem de intervenção cirúrgica? Chama o neurocirurgião!
As principais doenças tratadas pela Neurocirurgia são epilepsia, hérnias de disco, lesões da coluna cervical, tumores cranianos e encefálicos, traumas e doenças degenerativas e congênitas.
A rotina de trabalho do médico que atua em Neurocirurgia, na maior parte das vezes, divide-se entre as atividades de consultório – realizando consultas diagnósticas e avaliativas e as intervenções cirúrgicas. Cabe também a ele, a tarefa de receber e avaliar os pacientes que foram encaminhados por outros especialistas e que necessitam do diagnóstico, positivo ou negativo, para a cirurgia. Parece que tem mesmo muito trabalho, não é? Sua demanda diária, no entanto, pode variar bastante, dependendo da área de atuação, que pode ser tanto no serviço público quanto no serviço privado.
Muitos hospitais, públicos ou particulares, tendem a optar pela atuação do neurocirurgião sob o sistema de sobreaviso, ou seja, caso haja um paciente neurocirúrgico, então o médico é chamado. Pra quem curte a agitação das unidades de emergência públicas, esse é o especialista que realizará os procedimentos cirúrgicos imediatos e vai avaliar os pacientes que estão em observação ou que possam chegar em emergência.
Mas, além da rotina de trabalho, você também quer saber quanto ganha um neurocirurgião, né? A faixa salarial do Médico Neurocirurgião fica entre R$6.481,07 (média do piso salarial 2021 de acordos coletivos), R$7.093,20 (salário mediana da pesquisa) e o teto salarial de R$16.049,96, levando em conta profissionais em regime CLT de todo o Brasil, segundo dados da pesquisa do site Salario.com.br junto a dados oficiais do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web.
Mesmo sem rotina fixa e apesar do estresse físico e psicológico que pode ser uma constante para o neurocirurgião, os que optam por essa especialidade relatam um dia a dia que também pode ser excitante e cheio de novas descobertas! Quer saber como é a vida de um neurocirurgião e o que você precisa fazer pra se tornar um? Então, confere este artigo que fizemos aqui.
A residência médica em neurocirurgia tem 5 anos de duração, é de acesso direto e não exige pré-requisito, ou seja, após os 6 anos da graduação, de posse do diploma e aprovado nos processos seletivos de residência, prepare-se para 5 anos de muito estudo e dedicação.
Isso porque a residência médica em neurocirurgia é extremamente exigente: uma jornada extenuante em atividades no bloco cirúrgico! São 60 horas semanais (às vezes, até mais!) em que o residente vai atuar em atendimentos ambulatoriais, no setor de emergência, vai participar ativamente das avaliações de pós-operatórios, sem contar com as muitas atividades acadêmicas de pesquisa. E a gente não pode esquecer que é concorrida também! Quer saber onde você pode fazer a sua residência? Olha só a lista das instituições mais buscadas para fazer residência médica em Neurocirurgia em São Paulo.
Ao término da residência, o médico ainda pode passar um ou mais anos opcionais dentro do programa, já que a Neurocirurgia é uma área que conta com uma série de subespecialidades como: Neurocirurgia Vascular, Neurocirurgia Pediátrica, Neurocirurgia Endovascular, Neurocirurgia de Base do crânio, Neurocirurgia Funcional e da Dor, Neurocirurgia da Coluna vertebral, Neurocirurgia em Nervos periféricos, Neurocirurgia Oncológica e Neurocirurgia com enfoque em Trauma e Terapia Intensiva.
O tempo de duração de cada subespecialização vai depender de cada instituição de ensino, isso porque a carga horária é instituída pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, que dá as diretrizes e busca apenas definir em linhas gerais como deve ser a formação.
Bom, até aqui você já deve ter entendido muito bem as principais atribuições de cada um desses profissionais, não é mesmo? Mas, vamos fazer um resuminho para recapitular quais são as diferenças entre eles!
Quando falamos em Neurologia, estamos nos referindo à especialidade médica que tem como foco a abordagem clínica de diversos problemas que podem afetar o sistema nervoso. Então, o neurologista está preparado para administrar remédios, solicitar e analisar exames a fim de fazer esse tipo de tratamento. Enquanto isso, a área da Neurocirurgia tem um foco no tratamento intensivo e cirúrgico dessas mesmas regiões. Quando um problema do sistema nervoso pode (ou deve) ser resolvido por meio de uma cirurgia, o neurocirurgião entra em ação. Deu pra pegar?
E se agora você acha que a Residência em Neurocirurgia é o primeiro passo em direção ao seu sonho, prepare-se para as provas! Dê uma olhada no nosso e-book gratuito Os 15 bloqueios que te impedem de ser aprovado na residência para já começar sua preparação com o pé direito, já vencendo os bloqueios mentais que atrapalham seus estudos e te impedem de ser aprovado na residência médica dos seus sonhos!
Está a fim de ser o novo residente? Então, venha conhecer os nossos Extensivos, que darão todo suporte que você precisa para conseguir a tão sonhada aprovação. Teste o Extensivo Medway por 7 dias totalmente gratuitos e conheça todos os benefícios e as ferramentas que vão fazer a diferença nos seus estudos!
Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar. Siga no Instagram: @joaovitorsfernando
Você também pode gostar