Olá, galera! Tudo bem com vocês? Agora vamos discutir um pouco sobre como fazer o diagnóstico da hérnia hiatal. Como ela é uma doença que, por ser assintomática, passa despercebida, algumas pessoas só descobrem a existência dessa anomalia no corpo despretensiosamente.
Bom, pra quem tá meio perdido, já temos um texto no blog sobre o quadro clínico da hérnia de hiato, lá falamos mais sobre o que é essa patologia. E na terceira parte abordaremos qual a melhor forma de tratamento das hérnias.
Vamos lá?
Bom, como já vimos, a maioria dos quadros de hérnia hiatal são assintomáticos e, quando têm sintomas, estes são pouco específicos e podem nos confundir com doença do refluxo gastroesofágico.
A principal maneira, então, de bater o martelo de que temos hérnia hiatal é com exames complementares.
Vamos ver um pouco dos principais utilizados.
Aqui temos o exame de mais fácil acesso e que pode nos auxiliar muito no diagnóstico. Prestem atenção na imagem:
Aqui vemos a anatomia da hérnia por deslizamento. Vemos que a parte inferior do esôfago e a superior do estômago estão adentrando a cavidade torácica através do hiato do diafragma. É exatamente isso que vamos procurar no exame de raio X, tanto na incidência perfil quanto na póstero-anterior. Olha só:
Observem o estômago junto ao mediastino.
Agora uma imagem em perfil:
Nessas imagens eu sei que o conteúdo anormal no tórax é o estômago pela presença de nível hidroaéreo no seu interior.
Só cuidado para não confundir com abcesso! Sempre correlacione os achados de imagem com a clínica do paciente. Podemos dar uma melhorada nesse exame utilizando contraste, olha só:
Nessas imagens, vemos a dilatação correspondente ao estômago bem delimitada pelo contraste na região mediastinal. É no raio X contrastado que o cirurgião consegue a imagem mais acurada da anatomia esofagogástrica do paciente e consegue o melhor planejamento cirúrgico.
A endoscopia digestiva alta é o exame em que o endoscopista entra com uma câmera através do esôfago do paciente e consegue avaliar a mucosa esofágica e gástrica sob visão direta.
A hérnia hiatal é confirmada endoscopicamente quando encontramos uma bolsa revestida com dobras rugosas gástricas situadas à 2cm ou mais acima das margens dos pilares do diafragma. Ou seja, quando a junção esofagogástrica não está junto dos pilares diafragmáticos.
Esse exame é importante para avaliar possíveis úlceras, lesões esofágicas como esôfago de barret e gastrites ou lesões no estômago herniado. Serve para excluir diagnósticos diferenciais relacionados aos sintomas queixados pelo paciente e para avaliar se há condições que possam afetar o tratamento da hérnia.
Por exemplo, se houver refluxo gastroesofágico associado, a cirurgia de correção da hérnia é feita junto com uma fundoplicatura para corrigir o refluxo.
A manometria é um exame utilizado para avaliar a motilidade e função do esôfago. É inserido um sensor pelo órgão que avalia sua contratilidade e sincronia das contrações.
Já a pHmetria mede o pH em toda a extensão do esôfago. Ambos são exames feitos para programar a cirurgia conjunta de hérnia de hiato e refluxo gastroesofágico.
Bom, com todos esses exames vistos podemos chegar à seguinte conclusão: para fechar diagnóstico de hérnia hiatal, um raio X (de preferência contrastado) já é suficiente.
Porém, para seguirmos com o tratamento, é necessário fazer exames adicionais, como endoscopia e manometria, pois elas vão ditar a nossa proposta cirúrgica. Isso acontece porque muitos pacientes com hérnia de hiato tem também refluxo gastroesofágico, e é possível tratar os dois em um único tempo cirúrgico.
É isso então pessoal, aproveitem muito essas imagens, pois além de importantes pra vida elas caem na sua prova de residência! Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e mini cursos completamente gratuitos que te ajudará na prova de residência
Corre lá pra terceira parte agora, que vamos falar mais sobre como tratar as hérnias de hiato! Acompanhe nosso Blog e não perca nenhum conteúdo!
Beijos! Pra cima!.
Referências
Greenfield’s surgery : scientific principles and practice / editors, Michael W. Mulholland, Keith D. Lillemoe, Gerard Doherty, Gilbert R. Upchurch, Jr., Hasan B. Alam, Timothy M. Pawlik ; illustrations by Holly R. Fischer. Sixth edition. | Philadelphia : Wolters Kluwer, [2017]
Hiatal and Paraesophageal Hernias. Callaway. J.P et al. Clinical Gastroenterology and Hepatology. Vol. 16. Nº. 6. Pg 810-813. Junho 2018
Sabiston – Tratado de Cirurgia – Townsend, Courtney; Beauchamp,Daniel – 2 Volumes – 18ª Ed. Cirurgia Vascular: Doenças Vasculares Periféricas, 4ª edição, volume 01 e 02 Maffei, Lastória, Yoshida, Rollo, Giannini, Moura.
Médica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro com residência em Cirurgia Geral pela Unifesp.