Definida pela OMS como óbito inesperado em até uma hora do início dos sintomas, a morte súbita no esporte é decorrente de uma interrupção repentina da atividade cardíaca e, consequentemente, colapso hemodinâmico.
Basicamente, o coração para de bater (ou bate de forma ineficaz, como na taquicardia ventricular sem pulso e na fibrilação ventricular). Colocando em números, ocorre de 0,28 a 1 morte súbita no esporte a cada 100 mil atletas por ano.
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Vamos seguir?
Nesse cenário, inicialmente, o médico segue o BLS (Suporte Básico de Vida) e o ACLS (Suporte Avançado de Vida Cardiovascular), pois se trata de uma PCR (parada cardiorrespiratória).
Após o episódio de morte súbita no esporte, devem ser tomados os cuidados pós-PCR, bem como uma avaliação minuciosa de um cardiologista, para tentar descobrir a causa do evento e tratá-la se for possível.
Caso tenha sido uma morte súbita por ritmo chocável, há indicação de CDI (cardiodesfibrilador implantável). O aparelho é implantado (ou seja, fica abaixo da pele do paciente com eletrodos posicionados no interior do coração). Ele detecta arritmias malignas e entrega um choque (36J) sempre que for necessário.
A volta ou não do atleta ao esporte após a morte súbita abortada depende de vários fatores discutidos entre o médico e o atleta. É sempre uma decisão difícil de ser tomada. Cabe ao médico explicar ao paciente sobre os riscos de voltar à atividade previamente exercida.
O que causa morte súbita? Diversas alterações estruturais e arritmogênicas são responsáveis pelos casos de PCR no atleta, sendo a mais frequente a cardiomiopatia hipertrófica (25-36% dos casos) em esportistas com menos de 35 anos.
O exercício vigoroso associado às cardiopatias ocultas parece ser o que desencadeia a arritmia responsável pela morte súbita no esporte. Confira algumas possíveis causas dessa condição abaixo:
Há muita discussão sobre a avaliação pré-participação (APP) em atividades esportivas, tendo em vista a baixa prevalência de morte súbita no esporte e o grande número de atletas.
A consequência do mal súbito é um elevado número de falsos positivos, ou seja, alterações são encontradas em quem não apresenta nenhuma doença subjacente. Por conta disso, há realização de exames desnecessários, podendo levar a uma iatrogenia.
A American Heart Association (AHA) indica apenas anamnese e exame físico. A Sociedade Europeia de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte também indicam a realização de exames complementares para atletas profissionais.
A prática esportiva promove alterações morfofuncionais no coração, demonstráveis no ECG de repouso. Saber diferenciar as alterações fisiológicas das patologias é importante para evitar uma possível desqualificação de competições, bem como que o paciente seja submetido a exames desnecessários.
Alterações consideradas fisiológicas | Alterações sugestivas de cardiopatias |
Bradicardia/arritmia sinusal | Inversão de onda T |
BAV 1° grau | Depressão do segmento ST |
BAV 2° grau (Mobitz I) | Ondas Q patológicas |
Sobrecarga ventricular esquerda isolada | Sobrecarga atrial esquerda |
Atraso final da condução do ramo direito | BAV 2° grau (Mobitz II) |
Repolarização precoce | Pré-excitação ventricularBloqueio de ramo esquerdo ou direitoIntervalo QT longo ou curtoSugestivo de síndrome de BrugadaSobrecarga ventricular direitaDesvio de eixo elétrico |
Cabe ressaltar que as indicações previamente citadas são referentes aos atletas profissionais. Em pessoas que praticam atividade física de forma regular (não atletas), basta a realização de anamnese e exame físico. A AHA não indica ECG, mas a Sociedade Europeia de Cardiologia, sim.
Apesar de rara, a morte súbita no esporte pode acontecer, exigindo preparo. Além disso, você precisa estar continuamente treinado e atualizado. Para agir de forma rápida e eficaz, é importante fazer um curso de BLS e ACLS.
A identificação rápida da PCR, o início imediato do RCP (com compressões efetivas) e a desfibrilação precoce (com presença do DEA em ambientes esportivos) são o que verdadeiramente salvam o paciente. O básico bem feito salva vidas!
A morte súbita no esporte é importante para as práticas de Medicina de Emergência. Se você deseja aprender os principais procedimentos que podem aparecer no seu plantão, conheça o PSMedway. Assim, você fica preparado para colocar técnicas da atuação médica em prática do dia a dia!
Gaúcho, de Pelotas, nascido em 1997 e graduado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Residente de Clínica Médica na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Filho de um médico e de uma professora, compartilha de ambas paixões: ser médico e ensinar.
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