Se você pensa em direcionar o seu trabalho aos cuidados da saúde da mulher após a faculdade de Medicina, provavelmente já considerou entender melhor o que é Ginecologia e Obstetrícia e até mesmo optar por essa formação na residência médica. Bora bater um papo, então, sobre essa especialidade para te ajudar na sua escolha! Afinal, ter informação conta muito no momento de planejar seu futuro profissional, não é?
Tá certo que a reprodução humana, assunto central da Obstetrícia, existe desde o início dos tempos, porém nem sempre ela foi vista como algo natural.
Muita coisa mudou ao longo da história: primeiro os partos eram realizados em casa, por um momento foram vistos como patologias e depois passaram a ser naturalizados novamente, proporcionando a estruturação de práticas que são mais conhecidas hoje. Ultimamente, existem novas conversas sobre parto humanizado.
Por outro lado, a Ginecologia é uma área que nasceu um pouco mais tarde, direcionada a estudar e tratar o aparelho genital feminino.
Essa separação de áreas foi fundamental para que a saúde da mulher passasse a ser contemplada em estudos e tratamentos de forma mais completa. Ainda assim, a residência médica contempla as duas especialidades juntas ao longo da formação, porque, de fato, elas são interligadas.
O lado bom disso é que o médico ginecologista obstetra tem uma possibilidade de atuação ampliada: ele pode acompanhar a mulher em várias fases da vida, além de conseguir trabalhar com clínica, cirurgia, atendimento ambulatorial e/ou hospitalar. E aí, achou interessante? Então continua por aqui que eu ainda tenho muito pra te contar sobre GO!
Antes de continuar, galera, você precisa de ajuda para escolher sua especialidade médica para começar a residência? Se sim, temos uma sugestão perfeita para você! O Med Escolha é o teste que vai te auxiliar a entender qual é a especialidade que encaixa com o seu perfil. Sabemos que é angustiante esse momento, por isso vamos te ajudar. Não perca tempo e clique AQUI para começar logo!
Já deu pra ter uma ideia sobre o que é Ginecologia e Obstetrícia, mas pra fixar bem por aí, vamos deixar claras algumas definições. A Ginecologia cuida do aparelho reprodutor da mulher, abrangendo o útero, os ovários, a vagina, etc. — mas não se limita a isso. É a especialidade responsável por estudar, diagnosticar e tratar as principais doenças que acometem as mulheres, incluindo aquelas que ocorrem nas mamas, por exemplo.
Por outro lado, a Obstetrícia é focada na reprodução humana. Portanto, abarca todo o período de cuidados ao longo da gestação (o pré-natal), indica as melhores condições para realização do parto e faz o acompanhamento da mulher no puerpério, o período logo após o parto, e também na lactação.
Pra ajudar a gente a explicar direitinho o que é Ginecologia e Obstetrícia, nada como retirar a informação direto da fonte. Por isso, conversamos com o Marcos Marangoni, nosso professor aqui da Medway que se formou na área pela Unicamp em 2019! Olha só como ele foi parar nessa especialidade:
“Sempre gostei muito de cirurgia. Fiquei inclusive dividido na escolha entre GO e Cirurgia Geral até os 45 do segundo tempo. Mas, no fim das contas, eu queria muito cuidar de mulheres. Contracepção, cirurgias pélvicas e a própria obstetrícia me levaram a escolher GO. E dentro da residência descobri um mundo de possibilidades, me apaixonei pela uroginecologia e cá estou, depois do R4, trabalhando com cirurgia vaginal, que eu amo!”
Essa o Marangoni responde:
“O ginecologista obstetra assiste mulheres no seu processo de saúde reprodutiva e tem função na prevenção e tratamento de patologias mamárias e do trato reprodutivo”.
Basicamente, esse profissional lida com problemas relacionados às distopias genitais, às doenças infecto-contagiosas, à fertilidade, à gestação, à menstruação, ao sexo e aos cânceres do aparelho genital feminino e das mamas. No rol de doenças tratadas estão a candidíase, os cistos de ovário, os corrimentos vaginais, a endometriose, os miomas uterinos, a vaginose, entre outras.
O Marangoni também explicou um pouco sobre o que ele mesmo faz como profissional da área. Se liga:
“Divido meu tempo fazendo as duas coisas que eu mais amo: sendo professor na Medway, e fazendo consultório. No consultório, tenho mais contato com uroginecologia e com laser vaginal, mas também atendo bastante contracepção (colocação de DIUs e Implanon) e faço os pré-natais que eu ainda amo. Acho que nunca vou conseguir ficar somente na ginecologia sem atender gestantes. É uma delícia acompanhar as mulheres nessa fase”.
Para o nosso professor, um bom ginecologista obstetra precisa ter “agilidade, respeito, autoconhecimento e excelência técnica”. E aí, você concorda?
Imagine que esse profissional vai acompanhar as mulheres nas mais diversas situações e fases da vida para falar de assuntos que, muitas vezes, ainda são considerados tabu. A primeira menstruação, a primeira relação sexual e a menopausa são apenas alguns exemplos disso.
Portanto, em primeiro lugar, o consultório do ginecologista obstetra precisa ser um ambiente confortável para que a paciente sinta a confiança necessária para se expressar, tirar todas as suas dúvidas e adquirir informações cruciais para se conscientizar da própria saúde.
Logo, a escuta e a empatia são habilidades mais do que importantes pra esse médico conseguir desenvolver uma boa relação com a mulher, especialmente com aquela que pode estar se sentindo vulnerável ou desconfortável por alguma razão. Na hora de transmitir informações, a didática, o respeito e a sinceridade (o famoso papo reto) são indispensáveis. Nada de frieza ou de passar qualquer recomendação sem explicar tudo direitinho pra paciente!
Agora que você sabe o que é Ginecologia e Obstetrícia, bora falar da atuação profissional dessa área. Segundo o próprio Marangoni, a rotina e o mercado de trabalho do ginecologista obstetra têm “uma infinidade de possibilidades”. Ele conta, inclusive, que demorou para descobrir o que queria — uma dificuldade que não é exclusiva do nosso professor nem da especialidade sobre a qual estamos conversando. É mais do que normal não saber muito bem o que fazer logo após a residência com tantas alternativas disponíveis e com aquela pressão de ser um profissional bem-sucedido.
Como é sempre bom ouvir histórias de quem já passou por momentos de escolha, o Marangoni compartilhou com a gente o início de carreira dele. Olha só:
“Trabalhei um período na USP-SP como médico assistente da Ginecologia, achando que conseguiria ser professor e cirurgião ao mesmo tempo, mas vi que aquilo não funcionava para mim. Você pode experimentar o que quiser. Se não der certo ou não gostar, muda! Quando saímos da residência não sabemos o que queremos, se é o ambiente hospitalar, atender no consultório (atender plano ou privado), UBS, fazer ultrassonografia, sexualidade, endoscopia ginecológica, mastologia, uroginecologia, colposcopia, medicina fetal… A lista não termina nunca. A GO é uma especialidade completíssima, clínico-cirúrgica e ainda com possibilidade de imagem.”
O ginecologista obstetra vai poder escolher ter uma rotina agitada, fazendo partos e pré-natal, ou mais tranquila, com atendimentos ambulatoriais e em consultórios. Tudo depende do perfil do médico e das suas preferências! Além disso, a forma de trabalho varia bastante do setor privado para o setor público. Portanto, saiba que a rotina em uma clínica ou em uma maternidade particular em que você é contratado é totalmente diferente do SUS, por exemplo, em que você pode entrar por meio de concursos públicos.
Também sempre existe a opção de empreender e abrir o próprio consultório, caminho que requer mais investimento e, por isso, acaba não sendo a primeira opção de muita gente. Ainda assim, muitos profissionais se estabelecem financeiramente e depois apostam nesse sonho. Outra alternativa é trabalhar somente com plantões, organizando a agenda com base neles.
Por fim, há muitas possibilidades de especialização para o ginecologista obstetra. Quem mira a carreira acadêmica pode optar por realizar pesquisas de mestrado e doutorado e até lecionar no ensino superior. Mas quem deseja seguir atendendo pode mapear áreas em ascensão e se especializar cada vez mais. No caso de GO, muitas pessoas estão procurando trabalhar com reprodução assistida.
Pra quem deseja ser um profissional de sucesso, em qualquer frente de atuação, o Marangoni deixa uma boa dica:
“O sucesso profissional depende do autoconhecimento. O que o médico quer quando sai da residência? Se a primeira resposta for: ‘ficar rico’, com certeza será uma pessoa frustrada. Não importa o caminho escolhido; desde atender no consultório privado até fazer plantão como obstetra no SUS, se aquilo faz sentido para você e se você faz de coração, já atingiu seu sucesso”.
Ok, a profissão é incrível, mas o retorno financeiro vale a pena? Essa dúvida passa pela cabeça de muita gente e é legítima. Por isso, lançamos a pergunta pro Marangoni: quanto ganha um ginecologista, afinal? Dá uma olhada na resposta dele:
“Depende muito da área que você quer seguir. Em geral, o recém-formado dá plantões e começa a atender em clínicas populares e convênios. Tem uma renda média de uns R$ 15.000,00 por mês. Isso se não for fazer o R4 (com bolsa de R$ 3.000,00 mensais ou, em alguns lugares, sem bolsa). Um profissional estabelecido no consultório privado tira em torno de R$ 30.000,00 por mês, de acordo com o quanto ele quer trabalhar”.
É importante deixar claro que esses valores variam muito de acordo com a atividade do profissional, o perfil, a subespecialização, as horas trabalhadas e até mesmo o local de trabalho, pois os salários variam de uma cidade para outra. Para ter outras referências de valores, confira nosso artigo sobre quanto ganha um ginecologista no Brasil.
Tá aí uma parte importante desse papo: a residência médica! O que atrai as pessoas pra essa especialidade, de acordo com o Marangoni, são os fatores abaixo:
“Geralmente quem presta GO gosta muito mais da Obstetrícia do que da Ginecologia ou da Mastologia. Os estágios de GO no internato geralmente são bastante intensos e transformam o aluno numa experimentação de médico. Considero que isso seja um grande atrativo também”.
A Ginecologia e Obstetrícia é uma residência de acesso direto, ou seja, que não possui pré-requisitos para ingresso, com três anos de duração. É ofertada nos editais anuais das maiores instituições do país. Agora, se você quer ter uma boa noção sobre o que é Ginecologia e Obstetrícia, nada como entender a fundo como rolam os anos da residência. Por isso, se liga no relato do Marangoni:
“Os três anos de residência são bem intensos, mas melhoram absurdamente a cada ano. No R1 o trabalho é insano, com 3 meses no centro obstétrico, 2 meses no pronto atendimento, e o resto dividido em centro cirúrgico, pré-natal e ambulatório de contracepção. Temos muitos plantões. Realmente é muito cansativo. Mas é o melhor ano em relação à evolução pessoal. Tudo muda muito, sua maturidade, seu olhar clínico, seu conhecimento técnico. Você sai do zero para ser um obstetra regular ao final do R1. Já no R2, o centro cirúrgico domina — a tococirurgia é aperfeiçoada, e as cirurgias da ginecologia são do R2 em si. O senso de responsabilidade aumenta com o domínio de enfermarias (como a enfermaria de oncologia e a de ginecologia), e com o domínio das condutas, supervisionando de forma indireta o R1. O R3, com carga horária bem mais reduzida (obrigado, Senhor!), nos ambulatórios de especialidades e enfermarias de alta complexidade (como a Patologia Obstétrica) transformam o residente de um executor em um gerenciador do cuidado. É um momento de reconhecimento da importância da equipe multidisciplinar e exercício da humildade”.
Isso varia muito de acordo com as instituições, que têm pontos fortes e de melhorias diferentes. Mas é claro que um programa de residência tradicional e bem reconhecido tem peso no currículo e na própria experiência. Para o Marangoni, alguns exemplos de instituições muito bem recomendadas para cursar Ginecologia e Obstetrícia são o Hospital Israelita Albert Einstein, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a Unicamp e a USP-SP.
Aliás, já falamos aqui no Blog sobre como é a residência em algumas das instituições mais buscadas pra se fazer essa especialidade, como a USP-SP, a USP-RP, a Unicamp e a Unifesp. Basta clicar no nome de cada uma pra conferir! Também falamos sobre os hospitais mais concorridos do SUS para GO.
Sobre a experiência do Marangoni com a Unicamp, ele comenta:
“No momento da minha escolha, levei em consideração a excelência do serviço da Unicamp, por ter um hospital inteiro voltado para a especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, com 5 enfermarias, um volume imenso de pacientes e a maior nota da pós-graduação em GO do país”.
Se você tinha alguma dúvida que conseguimos sanar com essas informações, ficamos muito felizes! O Marcos Marangoni, nosso super professor aqui da Medway, deu uma boa força contando sobre a experiência dele. Aliás, já deixo isso como uma dica pra você: procure conversar com mais pessoas da área, residentes ou formados, com diferentes formas de atuação, para escutar novos pontos de vista. Tenho certeza que relatos incríveis e únicos podem aparecer pra te ajudar!
E se você está seguro da sua escolha de fazer a residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, já é hora de se preparar corretamente para realizar o sonho de ler seu nome na lista de aprovados de uma grande instituição! Na Academia Medway temos vários materiais gratuitos pra você se preparar do jeito certo: guias estatísticos, ebooks, minicursos… é só começar! Como primeiro passo, recomendo que você baixe o Guia Estatístico da Unicamp, um e-book que fizemos pra te contar quais os principais temas que caem em cada grande área nessa prova. Com isso, você direciona seu estudo para o que realmente vai aumentar seu rendimento na prova. Seria um sonho? Então vem sonhar e realizar com a Medway!
Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. Siga no Instagram: @alexandre.remor