A insuficiência renal aguda é a redução da função renal abrupta (quando a resolução é rápida, ao longo de horas ou dias). Nessa condição, os rins perdem a capacidade de efetuar as funções básicas, resultando na retenção de ureia e outros resíduos nitrogenados (creatinina).
Além disso, a insuficiência renal causa desregulação do volume extracelular e dos eletrólitos, consequentemente podendo diminuir o ritmo da função glomerular e/ou o volume urinário.
Antes de conhecer melhor sobre a insuficiência renal aguda, é fundamental entender as funções do rim. A primeira delas é a função excretora, responsável pela eliminação de substâncias tóxicas, derivadas do metabolismo.
Também existe a função de regulação hidroeletrolítica e ácido básico, responsável pelo controle feito pela reabsorção e pela secreção tubular para manter níveis séricos de potássio, sódio, osmolaridade e pH extracelular. Por fim, existe a função endócrina, responsável pela produção de eritropoetina (células vermelhas) e calcitriol.
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Voltando ao assunto, a definição de insuficiência renal aguda é baseada em critérios específicos, como o KDIGO. Segundo ele, a insuficiência renal aguda é definida como aumento da creatinina sérica em ≥ 0,3 mg / dL (≥ 26,5 micromoles / L) em 48 horas.
Além disso, o quadro pode ser definido pelo aumento da creatinina sérica para ≥ 1,5 vezes o valor basal, ocorrido nos 7 dias anteriores, ou pelo volume de urina < 0,5 mL / kg / hora por mais de 6 horas.
A condição ainda tem três estádios. No primeiro, há aumento da creatinina sérica para 1,5 a 1,9 vezes a linha de base, em ≥ 0,3 mg / dL (≥ 26,5 micromoles / L) ou redução na produção de urina para < 0,5 mL / kg / hora por 6 a 12 horas.
Já no estágio dois, há um aumento da creatinina sérica para 2,0 a 2,9 vezes o valor basal ou redução do débito urinário para < 0,5 mL / kg / hora por ≥ 12 horas. Por fim, o estágio três traz um aumento da creatinina sérica para 3 vezes o valor de base, para ≥ 4 mg/dL ou redução da produção de urina para < 0,3 mL / kg / hora por ≥ 24 horas.
Nele, também pode ocorrer anúria por ≥ 12 horas, início da terapia de substituição renal ou diminuição na taxa de filtração glomerular estimada (eTFG) para < 35 mL / min em pacientes < 18 anos.
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Voltando ao nosso tema, para haver um tratamento adequado da insuficiência renal aguda, é preciso saber a causa exata da doença. Por isso, as razões foram divididas em três grandes categorias.
A primeira delas é a pré-renal, que contém doenças caracterizadas por hipoperfusão renal, mas mantendo a integridade do tecido parenquimatoso. Depois, há a renal, cujas doenças envolvem o parênquima renal. Por fim, há a pós-renal, com as doenças ligadas à obstrução em alguma parte do trato urinário (ureter, bexiga, próstata, uretra).
A causa mais comum de insuficiência renal aguda de causa renal é a NTA (necrose tubular aguda), sendo responsável por aproximadamente 90% das doenças desse grupo. Em relação às três categorias que temos nas lesões renais agudas, a causa renal é a mais prevalente. Em seguida, aparece a causa pré-renal. Por último, ficam as causas pós-renais.
Primeiro, tenha em mente que a insuficiência renal aguda costuma ser assintomática, e manifestações clínicas só aparecem em fase tardia, frequentemente diagnosticada em exames de rotina de internação hospitalar. Porém, dependendo da gravidade e da rapidez de instalação, pode apresentar alguns sintomas.
Entre eles, estão: diminuição do fluxo urinário (o paciente pode apresentar oligúria, ou seja, débito urinário menor que 400 / dia), anúria (débito urinário menor que 100 ml / dia) ou achados inespecíficos, em que os pacientes com insuficiência renal aguda podem apresentar desde um mal-estar até sinais de uremia.
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Manejar um paciente com insuficiência renal aguda não é nada muito complexo, mas é preciso ter em mente as medidas para tomar as decisões certas. A primeira coisa é lembrar de fatores reversíveis (hipovolemia, sepse, fatores obstrutivos, drogas nefrotóxicas).
Também é interessante ter em mente agentes nefrotóxicos (AINE, contraste e alguns antibióticos). Não esqueça do suporte nutricional e, por fim, ajuste os medicamentos conforme a função renal.
A diálise de urgência só deve ser indicada quando há acidose metabólica refratária, hipercalemia e hipervolemia grave e refratária, síndrome urêmica franca (encefalopatia, pericardite) ou intoxicações com metanol, etilenoglicol e salicilato.
Depois de todas essas informações sobre insuficiência renal aguda, lembre-se de que uma anamnese muito bem feita e um exame físico minucioso são importantes para manejar qualquer paciente, independente da queixa.
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Nascida em Catanduva, interior de São Paulo. Médica pela faculdade do Oeste Paulista, louca e apaixonada pela Medicina de Emergência e Medicina Humanitária. Residência em Medicina de Emergência no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pós-graduação em Medicina Aeroespacial.
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