Fala, pessoal! Hoje vamos falar a respeito do mecanismo de ação do DIU de cobre, um método contraceptivo muito conhecido entre as mulheres e muito citado pelos ginecologistas.
Primeiro, é importante dizer que o planejamento familiar representa um avanço essencial para a sociedade, principalmente para as mulheres, pois ele possibilita liberdade para decidir sobre gestação. Os métodos contraceptivos, quando adequadamente utilizados, reduzem as taxas de gestações não planejadas, portanto, representam uma importante ferramenta de assistência à saúde.
A decisão sobre métodos anticoncepcionais é complexa e depende de diversos fatores, como desejo da paciente, indicação médica, presença de comorbidades e acessibilidade.
Muitas pacientes experimentam mais de um método durante sua vida reprodutiva até encontrarem algum com que se adaptem mais.
O dispositivo intrauterino (DIU) de cobre é um método contraceptivo muito interessante, pois promove anticoncepção por até dez anos, possui poucas contraindicações, tem bom custo-benefício, a contracepção não depende da memória da paciente e ele possui boa eficácia, com baixas taxas de falha.
Pessoal, a contracepção reversível de longa duração (LARC – Long Acting Reversible Contraceptives, em inglês) abrange os dispositivos intrauterinos e o implante subdérmico. Os LARCs são métodos muito eficientes e possuem ação contraceptiva de pelo menos três anos. Eles possuem excelente eficácia, assegurando menos de 1% de gravidez por ano em uso perfeito e em uso típico.
Há taxa de falha com uso dos LARCs, no entanto ela é baixa e eles são métodos altamente eficazes, pois eles não dependem da motivação e memória da paciente. Portanto, eles devem ser sempre oferecidos para mulheres com fatores de risco para baixa adesão.
No Brasil, os LARCs são representados pelo implante subdérmico liberador de etonogestrel (Implanon) e pelos dispositivos intrauterinos. Os dispositivos utilizados no nosso país são o DIU de Cobre (com ou sem prata) e os DIU de Levonorgestrel (liberação de 52 mg – Mirena ou 19,5 mg – Kyleena).
O risco de gravidez não planejada com o uso típico do DIU de Cobre é de 0,8 a cada 100 (ou 8 a cada 1000) mulheres em um ano e, no uso perfeito, ele reduz para 0,6 a cada 100 mulheres em um ano. O risco de gestação indesejada com uso típico de DIU de Levonorgestrel é de 0,2 a cada 100 mulheres em um ano. O risco de gravidez não planejada com uso típico do implante de Etonogestrel é de 0,05 a cada 100 mulheres em um ano.
Após a inserção, os LARCs não dependem de atitude médica ou da paciente para se manterem eficazes. Pela praticidade da manutenção da anticoncepção e boa durabilidade, a maioria das pacientes fica satisfeita com os métodos de longa ação e opta por continuar o uso.
Em comparação com os métodos de duração breve, como pílulas e injetáveis, a continuidade do uso dos LARCs é significativamente maior. Portanto, recomenda-se que esses métodos sempre sejam oferecidos como primeira linha para contracepção.
Os DIUs correspondem ao método contraceptivo reversível mais utilizado no mundo (devido à ampla utilização desse método na China). Informações atuais confirmam a crescente busca por esses métodos nos últimos tempos. O aumento na utilização de DIUs de cobre e de Levonorgestrel ocorreu, principalmente, em pacientes jovens, incluindo adolescentes.
No Brasil, temos disponíveis o DIU de Cobre (com ou sem prata) e os DIU de Levonorgestrel. Eles são muito interessantes por diversos fatores, principalmente por:
Apesar de os dispositivos intrauterinos serem muito eficazes, infelizmente, ainda existem pessoas que resistem e negam o método devido a informações erradas e descontextualizadas sobre infertilidade, infecção e gravidez ectópica relacionadas ao uso dos DIUs.
Galera, o DIU de cobre (TCu 380) é um dispositivo pequeno e maleável de polietileno com formato de T, coberto com cobre em sua haste vertical e com dois anéis de cobre nas suas hastes horizontais. Esse dispositivo é inserido dentro da cavidade uterina para sua ação contraceptiva. A inserção é simples e, na maioria das vezes, e pode ser feita no consultório, com ou sem anestesia local do colo uterino, ou no centro-cirúrgico sob bloqueio anestésico ou sedação.
Ele é um método anticoncepcional distribuído pelo Ministério da Saúde muito interessante e cada vez mais procurado pelas mulheres, pois possui boa eficácia, longa ação (até dez anos), é prático, não contém hormônios, tem bom custo-benefício, promove retorno rápido da fertilidade e tem ação local, sem repercussões sistêmicas.
O DIU de cobre é um método altamente eficaz, além de apresentar ótimo custo-benefício, já que, após sua inserção, pode durar até 10 anos. Ele apresenta índice de Pearl (taxa de falha) de 0,8 a cada 100 (ou 8 a cada 1000) em um ano no uso típico e de 0,6 a cada 100 (ou 6 a cada 1000) em um ano no uso perfeito. Depois do primeiro ano da inserção, a taxa de falha reduz.
Se ocorrer a gestação com o DIU de Cobre, a paciente tem que iniciar precocemente o pré-natal e deve realizar um ultrassom transvaginal o quanto antes para excluir gestação ectópica e definir o local da implantação embrionária. Se a gestação for tópica e o fio do DIU for visível no colo uterino, ele pode ser retirado, dependendo da sua localização.
Idealmente, a retirada do DIU é feita no primeiro trimestre para evitar abortamento. Se o DIU for retirado precocemente e sem intercorrências, a chance de aborto é semelhante a de pacientes que não utilizavam o DIU de cobre.
Pessoal, o DIU de cobre provoca alterações bioquímicas endometriais a partir da liberação dos íons de cobre na cavidade uterina. O cobre promove resposta inflamatória e citotóxica, causando ação espermicida. Além disso, ele estimula a produção de prostaglandinas e inibe as enzimas do endométrio, portanto, interfere na atividade dos gametas masculinos e femininos.
O mecanismo de ação principal do DIU de cobre é a reação de corpo estranho no endométrio. Ele prejudica a motilidade e qualidade dos espermatozoides, dificultando a ascensão deles da vagina até as tubas uterinas. O cobre também tem ação espermicida, decorrente do aumento da liberação de citocinas citotóxicas e fagocitose.
A presença do cobre no endométrio causa uma reação inflamatória crônica e espessamento do muco cervical, diminuindo a motilidade e a viabilidade dos espermatozoides.
Além das ações que antecedem a fecundação que foram citadas, o DIU de cobre altera a velocidade de transporte dos embriões e reduz as chances de implantação no endométrio. É importante salientar que ele não é um método anovulatório, portanto as mulheres continuam ovulando e possuem o seu ciclo menstrual sem alterações hormonais.
Os DIUs de cobre que também contém prata em sua composição possuem os mesmos mecanismos de ação citados acima, tendo como principal ação contraceptiva a reação de corpo estranho na cavidade uterina. A prata age estabilizando o cobre, portanto, ela previne que esse mineral se fragmente.
A gravidez não planejada aumenta o risco de morbimortalidade materna e infantil. Em algumas regiões do Brasil, até 45% das gestações são indesejadas e isso reflete má assistência à saúde, principalmente da mulher. Portanto, o planejamento familiar é fundamental e deve ser realizado de forma eficiente e adequada.
Para diminuir a taxa de gestações não planejadas, é necessário que as mulheres utilizem métodos anticoncepcionais eficazes, efetivos, duradouros e que o resultado, preferencialmente, não dependa da ação da paciente.
Nesse contexto, os melhores métodos são os LARCs e o DIU de Cobre é uma opção excelente para evitar em longo prazo uma gestação. Ele é fornecido pelo Ministério da Saúde, possui bom custo-benefício, é seguro, independe da memória da paciente, não possui hormônios, tem poucas contraindicações e pode ser introduzido após o parto ou abortamento.
Os LARCs são os métodos anticoncepcionais preferíveis na atualidade devido a sua alta eficácia e duração prolongada – de três (implante de Etonogestrel) a dez anos (DIU de cobre). Eles são métodos contraceptivos confiáveis, seguros, com baixas taxas de falha e que não dependem do médico nem da paciente após a inserção.
Dentre os LARCs, o DIU de cobre se destaca por ser um método de fácil acesso, poucas contraindicações, ação local, ausência de hormônios e disponível pelo SUS. Além disso, ele é o contraceptivo com maior durabilidade, possibilita retorno precoce da fertilidade após a remoção, apresenta bom custo-benefício e não interfere na lactação.
O mecanismo de ação do DIU de Cobre se baseia na ação de corpo estranho que ele exerce na cavidade uterina. O Cobre estimula uma resposta inflamatória local com liberação de citocinas e prostaglandinas no endométrio, resultando em ação tóxica nos gametas femininos e masculinos. Nos espermatozoides, ele dificulta a mobilidade e possui ação espermicida. No endométrio, ele causa uma reação inflamatória crônica dificultando a implantação do embrião.
Muitas pacientes desconhecem o DIU de cobre ou possuem receio de utilizá-lo devido a informações incorretas sobre o método. Portanto, cabe a nós, profissionais de saúde, orientar as mulheres sobre esse importante método contraceptivo de longa ação e esclarecer as dúvidas sobre ele.
Sobre o mecanismo de ação do DIU de cobre, é isso! Esperamos que tudo tenha ficado claro e que você tenha compreendido o conteúdo!
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Paulista, nascida em Ribeirão Preto em 1994. Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) em 2019. Residência em Ginecologia e Obstetrícia na EPM-UNIFESP. "Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo." - Paulo Freire.