Pílula contra Covid-19: quais são as evidências e como ela funciona

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Fala, pessoal! Tudo bem? Na busca de uma medicação que seja efetiva contra o novo coronavírus, já vimos muita coisa aparecer. Por isso, hoje vamos falar sobre a pílula contra Covid-19. 

Já ouvimos falar da hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina aos polivitamínicos… Resumindo: procuramos uma droga que conseguisse reduzir sintomas, tempo de internação e mortalidade. 

Infelizmente, essa trajetória nem sempre foi baseada em evidência científica de qualidade e gerou inúmeras polêmicas.

Até o momento, temos alguns anticorpos monoclonais aprovados, como o tocilizumab, que mostrou redução de ventilação mecânica e mortalidade. 

Outro antiviral aprovado é o remdesevir, que reduz tempo de sintomas, mas não mortalidade. No entanto, o uso deles é bem limitado pelo custo e necessidade de hospitalização para administração. 

Eis então que, no final de janeiro de 2022, mais de 2 anos após o início da pandemia, o FDA aprovou um novo antiviral que aparentemente conseguiu reduzir a mortalidade pelo vírus. E aí, vamos juntos saber mais sobre o assunto?

O que é a pílula contra a Covid-19?

Mas então, o que é a pílula contra a Covid-19? Fabricada pela Pfizer e vendida com o nome de Paxlovid, trata-se de uma combinação de dois antivirais. 

O primeiro é o nirmatrelvir, um agente oral alvo dirigido que age no ciclo de replicação do Coronavírus. Ele vem associado ao velho conhecido ritonavir, que potencializa seu efeito. 

A pílula é administrada por via oral na dose de 300 mg de nirmatrelvir e 100 mg de ritonavir de 12 em 12 horas por 5 dias no total – essa foi a dose do estudo, a princípio.

Quais são as evidências científicas? 

Bom, temos um grande estudo publicado no New England Journal of Medicine – uma revista de grande respeito no meio médico. É um ensaio clínico duplo cego randomizado que envolveu 2396 pacientes no início da randomização. 

Começamos bem! Eram indivíduos maiores de 18 anos com doença pelo novo coronavírus confirmada, com ao menos um sintoma cujo início se deu em, no máximo, 5 dias. 

Desses 2396 pacientes, 1053 acabaram se tornando elegíveis para o grupo intervenção e 1049 para o grupo placebo. A partir daí, um grupo recebeu a droga por 5 dias na dose mencionada acima e o outro, placebo. Ao fim do estudo, eles foram comparados e analisados estatisticamente.

O desfecho primário era mortalidade por qualquer causa em 28 dias. E ao final do estudo, os pesquisadores tiveram sucesso em demonstrar redução da mortalidade e hospitalização! Animador, não é mesmo? 

Mas como sempre, precisamos ter cautela ao analisar um estudo sobre novas medicações, por mais que ele tenha sido um estudo de qualidade. 

Será que vai ser reprodutível na minha população? E os efeitos colaterais? Nesse caso, até 1% dos pacientes relataram eventos adversos, sendo os mais comuns disgeusia, diarreia e elevação de transaminases. 

Já vamos começar a prescrever a pílula contra a Covid-19?

Aqui vale uma reflexão final… de fato, temos um estudo de boa qualidade que mostrou redução da mortalidade com o uso da medicação, quando usada em até 5 dias do início dos sintomas. 

Foi liberado para uso emergencial pelo FDA e ainda não sabemos quando vai chegar ao Brasil e ser aprovado pela Anvisa. Ao longo da pandemia, vimos circular muitas fakenews, com muita, mas muita desinformação por aí! 

Então, nossa sugestão é sempre ir direto à fonte original e usar o senso crítico. Aos colegas não médicos pouco familiarizados com a linguagem científica, procurem profissionais sérios e fontes confiáveis para se aconselharem! 

O artigo do New England é gratuito e vamos deixar o link aqui para aqueles que quiserem se aprofundar. 

Referências

  1. Hammond J. et al.. Oral Nirmatrelvir for High-Risk, Nonhospitalized Adults with Covid-19. N Engl J Med; 2022
  2. Pan American Health Organization: World Health Organization. Ongoing Living Update of COVID-19 Therapeutic Options: Summary of Evidence. Dec. 14, 2021 
  3. National Institutes of Health. Therapeutic Management of Hospitalized Adults With COVID-19. Updated December 16, 2021

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IsabelaCarvalhinho Carlos de Souza

Isabela Carvalhinho Carlos de Souza

Capixaba de Vitória, nascida em 1995. Formada pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericória (EMESCAM) de Vitória em 2018. Formada em Clínica Médica pelo HC FMUSP de São Paulo.