Fala, pessoal! Tudo em cima? A realidade é que se você clicou neste post, está mais preocupado por estar “tudo embaixo” na gestante, né? Afinal, hoje vamos falar um pouco sobre Placenta Prévia Total e tudo que todos queríamos é que essa placenta estivesse lá em cima, no lugarzinho predestinado para ela. Mas, piadinhas à parte, espero que se você leu até aqui, continue com a gente para sair manjando deste assunto, fechou?
E para introduzirmos este tema, precisamos saber o que é exatamente esta patologia. A Placenta Prévia é aquela que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero, ou seja, sobre o orifício interno do colo uterino após 28 semanas. No nosso caso em específico, o nome vem do recobrimento total. Aqui é importante não confundirmos com outro diagnóstico: placenta de inserção baixa, que é quando somente a borda placentária se insere no segmento inferior do útero, não chegando a atingir o orifício interno e se localiza em um raio de 2 cm de distância dessa estrutura.
Beleza, já sei o que é, mas como eu vou fazer o diagnóstico? Geralmente, a gestante vai apresentar queixa de sangramento progressivo, reincidente, espontâneo, tipicamente vermelho vivo, indolor, com ausência de sofrimento fetal agudo e de hipertonia uterina. Sua suspeita deve ser ainda maior se tiver algum dos fatores de risco:
História coletada com estes comemorativos deve te acender uma luz vermelha se a mulher estiver na segunda metade da gestação e você nunca, nunca, nunca deve proceder com o toque vaginal. Não queremos causar ainda mais sangramento, certo? Então o que você deve fazer é: exame especular, observar como é este sangramento, se ainda está ativo ou não, analisar tônus uterino e dinâmica uterina. Por fim, se a suspeita permanecer, encaminhar esta grávida para o ultrassom.
A ultrassonografia transvaginal vai ser nosso padrão ouro para diagnóstico de placenta prévia, mas deve levar em conta alguns cuidados: não introduzir o transdutor mais que 3 centímetros e ele não deve tocar o colo. Ainda que seja um pouco menos seguro que a ultrassonografia por via abdominal, ele apresenta um menor número de falsos positivos, então será nossa escolha. Na ultrassonografia transvaginal será identificado então o tecido placentário recobrindo o orifício interno, nos dando a localização correta da placenta, como nesta imagem:
Diagnóstico feito, temos que saber qual a conduta. E no caso de placenta prévia total não tem galinhagem, você só deve se atentar à alguns fatores
Se a mãe está em instabilidade hemodinâmica, como qualquer outra instabilidade, não podemos nos esquecer da administração de cristalóides ou hemoderivados à depender da necessidade. A partir de então, a gestação deve ser interrompida independente da idade gestacional, pois enquanto não retirada esta placenta a gestante continuará sangrando e, conforme o tempo passa, o sangue fetal também começa a ser sequestrado, levando ao sofrimento fetal agudo. Caótico, né? Não vamos deixar a mulher chegar a este ponto.
Agora, se a gestante apresenta sangramento escasso, estável hemodinamicamente, podemos ter uma conduta expectante. Internar essa mulher, observar o sangramento e fazer corticoterapia caso tenha idade gestacional entre 25 e 34 semanas, programando a cesárea para 37 semanas, pois quanto mais tempo a placenta permanecer, maior o risco de sangrar. E veja bem, está escrito cesárea, não há outra escolha neste caso. Placenta prévia total é indicação absoluta de cesárea.
Vale lembrar que uma conduta expectante bem indicada associada ao parto cesáreo é o fator mais importante de diminuição significativa da mortalidade materna e mortalidade neonatal em casos de placenta prévia nas últimas décadas. Isto porque a morbimortalidade materna por placenta prévia está intimamente relacionada com a hemorragia que é provocada por ela, depois temos complicações do parto, complicações anestésicas, necessidade de transfusão e infecções, isto é, temos que estar blindados e com as condutas corretas na ponta da língua.
Outro fator importante de associação é o risco aumentado não só de placenta prévia, como de hemorragias mais graves quando ela se faz presente em mulheres com cesáreas anteriores, sendo exponencial quanto maior o número delas. Juntando com o fato que no Brasil chegamos a uma incidência de cerca de 45% de cesáreas, precisamos ficar bem atentos. Antenas ligadas e conduta tomada, podemos respirar um pouco mais tranquilos e a gestante também.
E agora? Se receber uma gestante com este tipo de sangramento, vai saber conduzir? Espero que sim, que este artigo tenha te ajudado a manter a calma e seguir em frente. Bom, agora que você está mais informado sobre a placenta prévia total, temos uma dica pra você. Confira mais conteúdos de Medicina de Emergência na Academia Medway. Por lá disponibilizamos diversos ebooks e minicursos completamente gratuitos! Por exemplo, o nosso ebook sobre o que você precisa saber antes de dar plantão em um lugar novo ou o nosso minicurso Semana da Emergência são ótimas opções pra você estar preparado para qualquer plantão no país.
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Abraço, meus queridos. Tamo junto!
*Colaborou Thais Borges Rodrigues, aluna da faculdade UNISA
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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