Aqui no blog da Medway já discutimos alguns tipos de pneumonias e seus principais aspectos, anteriormente. Para dar continuidade a esse papo, no artigo de hoje vamos falar sobre um tipo mais específico: a pneumonia eosinofílica. Pneumonia todo mundo sabe o que é! Mas você sabe reconhecer uma pneumonia eosinofílica? Complicou? Se liga nesse post então, que vamos esclarecer tim tim por tim tim tudo que você precisa saber!
Preparados?
A pneumonia eosinofílica compreende um grupo de doenças pulmonares nas quais os eosinófilos aparecem em maior número nos pulmões e quase sempre na corrente sanguínea. É diferente das outras pneumonias, já que não há sugestão de que os alvéolos estejam infectados por bactérias, vírus ou fungos.
Os eosinófilos são um tipo de glóbulo branco que participam da resposta imune do pulmão. A quantidade de eosinófilos aumenta durante muitas reações alérgicas e inflamatórias, incluindo asma, que muitas vezes acompanha certos tipos de pneumonia eosinofílica.
A etiologia exata das várias síndromes eosinofílicas pulmonares é desconhecida; porém, acredita-se que essas síndromes resultem de desregulação da eosinofilopoiese ou de um processo autoimune devido às características alérgicas e à presença de complexos imunes, aumento da imunidade de células T e aumento de IgE e fator reumatoide. Existe uma suspeita clínica de que a interleucina 5 tenha um papel etiológico, devida a sua função na eosinofilopoiese.
Como existem muitos diagnósticos diferenciais envolvendo infiltrados pulmonares e eosinofilia, a primeira etapa na classificação das síndromes eosinofílicas pulmonares é a diferenciação entre distúrbios pulmonares eosinofílicos primários e aqueles com eosinofilia secundária a causas específicas, como alguns distúrbios, medicamentos, produtos químicos, fungos e parasitas.
Do ponto de vista patológico, as síndromes eosinofílicas pulmonares se caracterizam por infiltração tecidual por eosinófilos.
A pneumonia eosinofílica aguda é uma síndrome caracterizada por febre, insuficiência respiratória aguda que costuma exigir ventilação mecânica, infiltrados pulmonares difusos e eosinofilia pulmonar em uma pessoa previamente saudável.
A pneumonia eosinofílica aguda costuma ser confundida com lesão pulmonar aguda ou síndrome da angústia respiratória aguda (SARA) até que seja realizado um lavado broncoalveolar revelando > 25% de eosinófilos, que é um importante ponto para estabelecimento diagnóstico. Os sintomas predominantes da pneumonia eosinofílica aguda sejam tosse, dispneia, mal-estar, mialgias, sudorese noturna e dor torácica pleurítica.
Vários relatos de casos ligaram a pneumonia eosinofílica aguda ao início recente do tabagismo ou à exposição a outros estímulos ambientais, incluindo poeira de reformas domésticas.
A pneumonia eosinofílica aguda não costuma estar associada com eosinofilia periférica.
A ausência de disfunção de órgãos é uma das características da síndrome. Um dos achados característicos da pneumonia eosinofílica aguda é o alto grau de resposta aos corticosteroides e o excelente prognóstico. Além da recuperação clínica e radiográfica completa sem recorrência ou sequelas residuais que ocorre em quase todos os pacientes dentro de algumas semanas do início da terapia.
Diferente da pneumonia eosinofílica aguda, a pneumonia eosinofílica crônica é uma síndrome mais arrastada, caracterizada por infiltrados pulmonares e eosinofilia nos tecidos e no sangue.
Os pacientes apresentam uma doença subaguda ao longo de semanas ou meses, com tosse, febre baixa, dispneia progressiva, perda de peso, sibilos, mal-estar e sudorese noturna, com uma radiografia de tórax mostrando opacidades migratórias bilaterais periféricas ou na região pleural.
Quase 90% dos pacientes têm eosinofilia periférica. A eosinofilia no lavado broncoalveolar também é uma característica importante que diferencia a doença com contagens de eosinófilos próximas a 60%. Tanto a eosinofilia periférica como no lavado broncoalveolar são muito responsivas ao tratamento com corticosteroides.
Em contraste com a pneumonia eosinofílica aguda, porém, mais de 50% dos pacientes apresentam recidivas e muitos necessitam de cursos prolongados de corticosteroides por meses ou anos.
Antes conhecida como angeíte granulomatosa alérgica ou síndrome de Churg-Strauss, essa síndrome se caracteriza por vasculite eosinofílica que pode envolver múltiplos sistemas orgânicos, incluindo pulmões, coração, pele, trato GI e sistema nervoso. Embora a GEPA se caracterize por eosinofilia periférica e pulmonar com infiltrados na radiografia de tórax, as características básicas que diferenciam a GEPA de outras síndromes eosinofílicas pulmonares são a presença de vasculite eosinofílica no contexto de asma e o envolvimento de múltiplos órgãos-alvo.
A maioria dos pacientes com GEPA tem asma que surge tardiamente e em pessoas sem história familiar de atopia. Além dos sintomas mais comuns de tosse, dispneia, rinossinusite e rinite alérgica, pode haver hemorragia alveolar e hemoptise.
Eosinofilia maior que 10% é uma das características definidoras da doença. Ela está presente no momento do diagnóstico em mais de 80% dos pacientes, e responde rapidamente ao início da terapia com corticosteroides sistêmicos.
As síndromes hipereosinofílicas (SHE) constituem um grupo heterogêneo de doenças manifestadas por eosinofilia persistente > 1.500 eosinófilos/μL em associação com lesão ou disfunção de órgãos-alvo na ausência de causas secundárias de eosinofilia.
Da mesma forma que outras síndromes eosinofílicas pulmonares, essas SHE se manifestam por níveis elevados de eosinófilos no sangue, no lavado broncoalveolar e nos tecidos.
Diferentemente de outras síndromes eosinofílicas pulmonares, menos de metade dos pacientes com essas SHE respondem aos corticosteroides como terapia de primeira linha. Opções de tratamento incluam hidroxiureia, ciclosporina e interferona, e o inibidor da tirosina-cinase, imatinibe.
O que vai me fazer pensar em pneumonia nesses pacientes?
De maneira geral, os principais sintomas são:
Ou seja, sintomas de pneumonia no geral!
E como vou saber que é eosinifílica?
Fácil meu black belt! Você vai achar eosinófilos nos pulmões!
Após a obtenção de detalhes sobre história e exame físico, exames laboratoriais (incluindo dosagem periférica de eosinófilos, culturas e marcadores de inflamação), espirometria e exames radiológicos podem ajudar a diferenciar entre várias doenças. Porém, muitas vezes há necessidade de realizar o lavado broncoalveolar e biópsias transbrônquicas ou abertas do pulmão.
Como já vimos, o tratamento da pneumonia eosinofílica consiste no uso de corticoides, variando de acordo com a necessidade de cada paciente.
A maioria é tratada com prednisona, 40 a 60 mg VO uma vez ao dia. Na vigência de insuficiência respiratória, dá-se preferência à metilprednisolona, 60 a 125 mg, IV, a cada 6 horas.
O prognóstico da pneumonia eosinofílica aguda normalmente é bom; a resposta a corticoides e a recuperação completa são comuns.
Mais fácil do que parece né?!
As pneumonias são parte do dia a dia do pronto socorro em qualquer lugar do Brasil, por isso é legal que a gente tenha esse conhecimento teórico pra poder ter esses diagnósticos diferenciais na cabeça!
Bem, agora você já está afiado para quando o assunto for pneumonia eosinofílica! Espero que tenha feito um bom proveito! Agora, é claro: se bater a dúvida, corre aqui no nosso blog e confere de novo o artigo!
Foque em reconhecer a pneumonia eosinofílica como uma possibilidade e não dê mais mole nesse tema, beleza? Fique ligado aqui no blog, a gente ainda tem muita coisa maneira pra discutir juntos!
Você já está por dentro da pneumonia eosinofílica e vai ponderar sobre a segurança antes de intubar seu paciente. Ainda não domina intubação? Então não deixe de ler o e-book de Intubação Orotraqueal e tirar suas dúvidas no assunto!
Com certeza você também precisará medicar seus pacientes da melhor maneira possível, então aproveita e dá uma olhada no nosso Guia de Prescrições! Com ele, você estará muito mais preparado para encarar qualquer plantão do Brasil!
Bons estudos e até a próxima!
* Colaborou Emanuella Esteves Machado, graduando de Medicina na EMESCAM
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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