Aqui no Blog da Medway já discutimos alguns tipos de pneumonias e seus principais aspectos, anteriormente. Para dar continuidade a esse papo, no artigo de hoje vamos falar sobre um tipo mais específico: a pneumonia intersticial idiopática.
As Pneumonias Intersticiais Idiopáticas fazem parte das chamadas Doenças Pulmonares Intersticiais (DPIs), que nada mais são do que um subgrupo de doenças pulmonares parenquimatosas difusas.
Como o próprio nome diz, ela tem uma etiologia desconhecida. É caracterizada pela expansão do compartimento intersticial (aquela porção do parênquima pulmonar imprensada entre as membranas basais epiteliais e endoteliais) do pulmão.
Além disso, é associado a um infiltrado de células inflamatórias, que pode ser acompanhada de fibrose.
Em geral, os sinais e sintomas das pneumonias intersticiais idiopáticas são inespecíficos.
A tosse e a dispneia aos esforços são comuns, assim como a taquipneia, expansão torácica reduzida, estertores e baqueteamento digital. Então, podemos dizer que as pneumonias intersticiais idiopáticas são divididas em 8 subtipos histológicos:
Ufa! Esses subtipos se caracterizam por vários graus de inflamação e fibrose intersticial. Porém, podemos dizer que todos desencadeiam dispneia, anormalidades difusas na TC de alta resolução e inflamação e/ou fibrose na biópsia.
Com isso, já temos como é feito o diagnóstico: anamnese e tomografia computadorizada de alta resolução. Quando mesmo assim não der para fechar o diagnóstico, é feita a biópsia pulmonar cirúrgica.
Frequentemente são feitos testes de função pulmonar para estimar a gravidade da deficiência fisiológica, mas não dá para diferenciar os tipos.
Os resultados típicos são de fisiologia restritiva, com volumes pulmonares e capacidade de difusão reduzidos. Na radiografia de tórax também encontrará, normalmente, anormalidades, porém que não possibilitam fechar um diagnóstico.
Os testes laboratoriais podem auxiliar para pacientes que têm características clínicas que sugerem doença do tecido conjuntivo, vasculites ou exposição ambiental. Podem ser feitos anticorpos antinucleares, fator reumatoide e outras sorologias mais específicas.
Como tratamento, devemos individualizar de acordo com cada doença, porém já adianto que em muitos casos é utilizado corticoide, e às vezes, transplante de pulmão. É fundamental que o paciente pare de fumar, para evitar a progressão da doença e da perda da função respiratória.
Pessoal, antes de mostrarmos o “bizu” para entender a pneumonia interstical, temos um recado importante pra dar: embora exames como TC e UCG estejam se tornando mais comuns, a gente sabe que, em grande parte dos serviços, o raio-x continua sendo o único método de imagem disponível.
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Agora, voltando ao assunto principal do texto, fizemos uma tabelinha com os principais pontos para facilitar a compreensão de cada subtipo! Confere aí:
MAIS AFETADOS | PRÓDROMO | TC | TRATAMENTO | PROGNÓSTICO | |
FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA | Homens, >50 anos | Crônico (>12 meses) | – Distorção da arquitetura- “Favo de mel” reticular, periférico, subpleural e basal-Bronquiectasia de tração | -Pirfenidona ou nintedanibe-Transplante de pulmão | Taxa de mortalidade: 50-70% em 5 anos |
PNEUMONIA INTERSTICIAL DESCAMATIVA | Homens, 30-50 anos** tabagismo | Subagudo a crônico (semanas a anos) | – Opacificação em vidro fosco – Linhas reticulares- Zona inferior (geralmente periférico) | -Cessação do tabagismo | Taxa de mortalidade: 5% em 5 anos |
PNEUMONIA INTERSTICIAL INESPECÍFICA | Mulheres, 40-60 anos | Subagudo a crônico (semanas a anos) | – Opacificação em viro fosco- Linhas irregulares- Periféricas, basais e simétricas | – Corticoides com ou sem terapias imunossupressoras | Taxa de mortalidade: variável, mas geralmente melhor que a fibrose pulmonar idiopática |
PNEUMONIA EM ORGANIZAÇÃO CRIPTOGÊNICA | Geralmente 40-50 anos | Subagudo (<3 meses) | – Consolidação irregular, nódulos ou ambos- Peribrônquico | – Corticoides | Taxa de mortalidade: rara |
DOENÇA PULMONAR INTERSTICIAL ASSOCIADA À BRONQUIOLITE RESPIRATÓRIA | 30-50 anos **tabagismo | Subagudo (semanas a meses) | – Opacificação irregular em vidro fosco- Nódulos centrolobulares- Espessamento da parede brônquica- Padrão difuso | – Cessação do tabagismo | Taxa de mortalidade: rara |
PNEUMONIA INTERSTICIAL AGUDA | Qualquer idade | Abrupto (1-2 semanas) | – Opacificação em vidro fosco (muitas vezes poupando lobos)- Consolidação difusa- Bronquiectasias de tração posteriormente | – Cuidados e suporte | Taxa de mortalidade: 60% em < 6 meses |
PNEUMONIA INTERSTICIAL LINFOCÍTICA | Mulheres de qualquer idade | Crônico (> 12 meses) | – Nódulos centrolobulares- Opacificação em vidro fosco- Espessamento dos septos e broncovascular- Cistos de paredes finas- Padrão difuso | – Corticoides | Não bem definido |
FIBROELASTOSE PLEUROPARENQUIMATOSA IDIOPÁTICA | ~ 57 anos | Crônico (>12 meses) | – Distorção da arquitetura- Bronquiectasias por tração- Consolidação subpleural densa – Perda de volume do lobo superior | – Tratamento adequado desconhecido, frequentemente corticoides | Progressão da doença em 60% dos casos |
Bem, agora você já está afiado para quando o assunto for pneumonia intersticial! Espero que tenha feito um bom proveito! Agora, é claro: se bater a dúvida, corre aqui no nosso blog e confere de novo o artigo! Se você quiser entender mais sobre o assunto pneumonia, temos vários artigos relacionados, com o que te ajudamos a entender os escores PORT e CURB-65 no manejo da Pneumonia Aguda Comunitária.
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Até a próxima!
* Colaborou Karina Yumi Inoue Hayama, graduando de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.