Imagina só: você está no seu internato, pronto-socorro ou sala vermelha, ou está no seu primeiro plantão como médico(a) recém-formado(a). Chega um paciente, perto dos seus 80 anos, com queixa de tosse, taquidispneia, febre e queda do estado geral há 10 dias, com piora progressiva dos sintomas nos últimos dias. Paciente tem histórico de tabagismo de longa data e DPOC. E aí, qual o diagnóstico? Não vale chutar “pneumonia necrotizante” só porque tá no título, hein?
É provável que você já tenha se deparado com uma situação parecida algumas vezes durante a graduação. Casos como esse são muito comuns na prática médica. Qualquer que seja a especialidade escolhida para sua formação, com certeza pacientes com queixas semelhantes vão te visitar no seu plantão nos embalos de sábado a noite.
O quadro em questão é muito sugestivo de uma pneumonia bacteriana, provavelmente cursando com algum tipo de complicação, como derrame pleural com empiema, por exemplo, algo extremamente corriqueiro em pacientes que não recebem tratamento corretamente, com considerável morbimortalidade, principalmente na faixa etária do paciente fictício do começo do nosso texto.
Bom, afinal, seria esse mais um texto falando de pneumonia?
Não. Venho hoje trazer um conceito que muitos não devem ter ouvido falar durante a faculdade, por ser uma condição rara mas que, se comermos bola, pode elevar ainda mais a morbimortalidade dos nossos pacientes.
É o caso da pneumonia necrotizante.
Pessoal, antes de respondermos o que é pneumonia necrotizante, temos um recado importante pra dar: embora exames como TC e UCG estejam se tornando mais comuns, a gente sabe que, em grande parte dos serviços, o raio-x continua sendo o único método de imagem disponível.
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Agora, indo direto ao ponto, a pneumonia necrotizante é uma doença pouco comum na prática médica, associada à desvitalização do tecido pulmonar durante uma infecção e aparecimento subsequente de focos necróticos em áreas consolidadas pelos agentes infecciosos. Dentre eles destacam-se os germes anaeróbios e os aeróbios, tais como Streptococcus pneumoniae, S. aureus, S. Pyogenes, Nocardia e Klebisiella pneumoniae.
O diagnóstico de pneumonia é clínico, não sendo recomendado exames complementares. Contudo, sabemos que pacientes sem resposta à terapia antimicrobiana, com evolução desfavorável e duradoura, acabam cursando com complicações que necessitam de melhor investigação. Podemos lançar mão da radiografia de tórax e, nos casos de pneumonia necrotizante, a tomografia computadorizada é o exame que mais nos ajuda a chegar no diagnóstico, além de guiar o tratamento cirúrgico adequado e não demorar para ajudar o paciente.
Além disso, pacientes com esse quadro apresentam-se com uma queda do estado geral importante, febre elevada (>39˚C) e contínua, expectoração purulenta e leucograma > 20.000 cel/mm3.
É uma condição clínica grave, com liberação de citocinas inflamatórias que podem atacar o parênquima pulmonar, causando destruição e necrose, levando a um prognóstico desfavorável para os pacientes em questão. Ocorre muitas vezes em pacientes infectados com microorganismos resistentes à antibióticos, como o S. aureus resistente a meticilina (MRSA), importante causador de lesões de partes moles, levando à falha terapêutica inicial e aparecimento de complicações. Logo, é de fundamental importância o diagnóstico precoce de tal condição, para que a terapia antibiótica seja escolhida da forma correta e não cause maiores problemas para o paciente.
O tratamento baseia-se na antibioticoterapia adequada, com controle radiológico para monitorização da evolução da doença. Ponto importante do tratamento é a ressecção do tecido necrosado, pois permite a recuperação mais rápida da área lesada pela melhora das condições locais. A ressecção pulmonar de emergência é indicada quando a necrose pulmonar é diagnosticada em pacientes septicêmicos ou com fístula broncopleural de alto débito.
Mas, depois de tudo isso, você deve estar se perguntando: e o nosso paciente, o que foi feito com ele? Bom, como um bom médico ou uma boa médica que você com certeza é, a conduta foi o acolhimento e um boa dose de antibioticoterapia para que ele não piore e não evolua para uma necrose de pulmão, não é mesmo?
E aí, já deu pra dominar a pneumonia necrotizante? Se tiverem ficado dúvidas, comenta aqui embaixo que a gente responde! Se você quiser entender mais sobre o assunto pneumonia, temos vários artigos relacionados, com o que te ajudamos a entender os escores PORT e CURB-65 no manejo da Pneumonia Aguda Comunitária.
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* Colaborou Lucas Di Grazia Zanfelice, graduando de Medicina na FACISB
Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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