Fala pessoal, tudo bem? Vamos falar um pouco neste artigo sobre o mnemônico RODS e o uso de dispositivos extraglóticos no manejo de via aérea difícil, algo que pode auxiliar muito vocês nos plantões e até mesmo para acertar algumas questões de prova.
Vamos começar com uma breve introdução dos conceitos e indicações para o uso dos Dispositivos extraglóticos (DEG).
Os DEG são dispositivos utilizados para o manejo da via aérea que são inseridos dentro da hipofaringe e esôfago superior. Os que são colocados acima da laringe são chamados de dispositivos supraglóticos, enquanto os que são colocados às cegas no esôfago superior são chamados de retroglóticos ou infraglóticos.
A maioria dos DEG são de uso único, porém, alguns estão disponíveis em variantes reutilizáveis. Eles diferem do dispositivo de fornecimento de ar por máscara facial por serem inseridos através da boca até uma posição em que eles forneçam um conduto direto para o fluxo de ar através da glote até os pulmões
No cenário de emergência, os DEG para vias aéreas são excelentes dispositivos para ventilação e oxigenação, em vez da tradicional bolsa-válvula-máscara, como alternativas à intubação traqueal em algumas circunstâncias do paciente (especialmente no contexto extra hospitalar) e como valiosos dispositivos de resgate em uma falha de intubação, visto que a intubação traqueal é o padrão ouro para a ventilação efetiva e proteção da via aérea contra a aspiração.
Existem alguns tipos de dispositivos extraglóticos. Veja os principais!
Os mnemônicos foram criados para facilitar o processo de aprendizagem e a organizar o pensamento, principalmente em situações de emergências médicas em que é importante ter um atendimento e raciocínio sistematizado para não deixarmos escapar nada. Um grande exemplo de mnemônico é o famoso ABCDE do trauma.
Nesse sentido, o mnemônico RODS foi criado para identificar e predizer os fatores que podem dificultar a colocação de um DEG, como a via aérea difícil. Saiba o que ele significa!
A restrição aqui é semelhante à do mnemônico ROMAN, ou seja, complacência pulmonar “restrita” ou resistência intrínseca à ventilação por patologia primária do pulmão ou traqueal/brônquica.
A ventilação com um DEG pode ser difícil ou impossível devido a aumentos substanciais na resistência das vias aéreas (por exemplo, asma) ou diminuição na complacência pulmonar (por exemplo, edema pulmonar), embora muitas vezes o dispositivo extraglótico seja mais eficaz na ventilação do que um dispositivo bolsa-válvula-máscara nesses casos. Além disso, a abertura bucal restrita afeta a inserção do DEG.
É necessária abertura adequada da boca para inserção desse dispositivo, sendo que essa exigência varia, dependendo do DEG a ser utilizado. Dados recentes do bloco cirúrgico identificaram a mobilidade restrita da coluna cervical como um risco para o uso difícil de DEG, provavelmente porque a colocação pode ser mais desafiadora nesses pacientes.
Se há uma obstrução de via aérea superior na faringe, no nível da laringe, da glote ou abaixo das pregas vocais, pode ser impossível de se inserir e posicionar um DEG da maneira correta para que possa fornecer ventilação e oxigênio adequados.
Mais importante, pacientes obesos necessitam de maiores valores de pressão ventilatória, devido ao peso da parede abdominal (aumenta a resistência a ventilação, aumentando as pressões necessárias para a descida do diafragma) e torácica (aumenta a resistência a ventilação, aumentando as pressões necessárias para expandir o tórax).
Dependendo do DEG utilizado e da posição do paciente (é melhor ventilar o paciente com cabeceira do leito inclinado a 30 º ou em posição de Tredelenburg reversa).
A pergunta central desse tópico é: “se eu inserir um DEG na faringe desse paciente, o dispositivo será capaz de ser posicionado e obter vedação adequada dentro de uma anatomia relativamente normal?”. Exemplos de situações que podem distorcer a via aérea: deformidade cervical fixa em flexão; lesão penetrante cervical com hematoma; epiglotite e abscesso perilaringeo.
Uma curta distância da tireoide até o mento pode ajudar a estimar um pequeno espaço mandibular, o que pode indicar que a língua reside menos na fossa mandibular e mais na cavidade oral em si. Isso pode obstruir e complicar a inserção do DEG, contribuindo para a dificuldade em seu uso.
E aí, gostou de entender mais sobre o mnemônico RODS e como utilizá-lo no protocolo de via aérea díficil? Aproveite para conhecer a Academia Medway. Por lá, você encontra diferentes materiais completos e gratuitos sobre Medicina de Emergência, além de conteúdos sobre a residência médica!
The Walls Manual of Emergency Airway Management, Sixth Edition.