Fala, galera! Tudo bem? Hoje vamos te mostrar quando suspeitar do trauma pélvico e como confirmar o diagnóstico.
Sempre que recebemos um trauma na sala de emergência, devemos ter em mente o XABCDE (tem que ser medular!) e parte do exame inicial inclui a avaliação da estabilidade pélvica, que pode ser um motivo de choque ao passar despercebido.
Ficou curioso? Então, bora aprender juntos!
A primeira coisa que precisamos ter em mente é a história, destacando, por exemplo, o mecanismo de lesão, localização da dor, presença de incontinência intestinal ou vesical ou sangramento (hematúria, sangramento retal ou vaginal).
Daí, partimos para o exame físico, que pode nos dar outras dicas de lesão pélvica associada, como:
Nessa avaliação, a palpação de referências ósseas ajuda bastante, com destaque para as cristas ilíacas, sínfise púbica, sacro, articulações sacroilíacas e trocanteres maiores. A compressão da pelve, com pressão direcionada para posterior e medial, deve ser feita uma única vez, para evitar agravo de lesões e aumento do sangramento.
O exame físico não deve ser o único norteador, principalmente no paciente gravemente ferido, intubado ou com estado mental alterado, visto que possui sensibilidade limitada para detectar uma fratura pélvica. Por outro lado, quando detectado instabilidade à compressão pélvica, esta apresenta alta especificidade para as fraturas.
1. FAST: o papel dele é ajudar a determinar a presença de uma lesão intra-abdominal concomitante à fratura pélvica. Paciente instável com FAST positivo em trauma fechado requer uma laparotomia. Já em relação ao paciente instável com FAST negativo, supõe-se lesão pélvica sem lesão abdominal concomitante, incluindo no controle inicial estabilização pélvica, tamponamento pré peritoneal ou angiografia.
* FAST destina-se a detectar sangramento intraperitoneal; não detecta sangramento retroperitoneal dentro da pelve.
2. Lavado Peritoneal Diagnóstico: exame em desuso diante da maior disponibilidade de métodos como tomografia e ultrassonografia, mas se estiver em locais sem acesso a exames de imagem, pode ser uma ferramenta importante.
3. Radiografia Simples: apesar do ATLS indicar um RX de bacia em todos os pacientes com trauma com suspeita de lesão de pelve, se estável clinicamente, sua sensibilidade é limitada, sendo a TC de maior valor. O RX é usado para avaliar fraturas pélvicas significativas, desviadas, lesões em livro aberto ou lesões pélvicas posteriores.
5. Tomografia computadorizada: padrão-ouro para avaliar as lesões pélvicas. Se estabilidade clínica, e suspeita de lesão, ignore o RX.
6. Uretrocistografía retrógrada: na presença de sangue no meato uretral, próstata alta ou hematúria macroscópica, realizar o exame antes da sondagem vesical.
Assim, terminamos mais um tema importante no dia a dia no setor de emergência, falando quando devemos suspeitar do trauma pélvico. Ah, e se quiser conferir mais conteúdos de Medicina de Emergência, dê uma passada na Academia Medway. Por lá, disponibilizamos diversos e-books e minicursos completamente gratuitos!
Matheus Carvalho Silva, nascido em 1993, em Coronel Fabriciano (MG), se formou em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência em Cirurgia Geral na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).