Vamos falar sobre cirurgia robótica? Os robôs estão presentes em toda parte e facilitam o trabalho em diferentes áreas de atuação. Ganharam destaque nas indústrias automotivas, mas já podem ser encontrados em muitos outros setores.
Hoje, a robótica está presente não somente em fábricas, mas no âmbito da educação e da saúde também. Os robôs modernos, por exemplo, ajudam a salvar vidas.
Vamos analisar o assunto em nosso post. Veja quais são os principais benefícios da cirurgia robótica para os médicos e para os pacientes. Fique por dentro desse tema tão atual e relevante!
A cirurgia robótica é um procedimento pouco invasivo, inovador, e vem sendo aplicado para tratar diferentes tipos de cânceres, com efetivos resultados.
A intervenção é feita por meio de um robô, que é controlado pelo médico cirurgião. O formato oferece vantagens relevantes aos pacientes, como: precisão, segurança, tempo de cirurgia e prazos de recuperação mais curtos.
Considera-se a cirurgia robótica uma das áreas de vanguarda mais importantes da Medicina. Esse tipo de cirurgia reduz, com o uso de tecnologias avançadas, as limitações das cirurgias tradicionais.
No ano de 1999, a Intuitive Surgical lança o primeiro robô cirúrgico no mercado mundial: o Da Vinci. No ano seguinte, em 2000, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprova o uso do robô em cirurgias específicas:
FDA é a sigla em inglês para Food and Drug Administration, uma agência norte-americana que regulamenta os insumos e produtos das indústrias farmacêutica, veterinária, alimentícia, cosmética e outras.
A primeira cirurgia feita por robô ocorreu em 2008 no Hospital Israelita Albert Einstein. Ao todo, já foram feitos milhares de procedimentos dessa natureza, envolvendo boa parte das especialidades médicas:
Em 2013, o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) começou a utilizar a cirurgia robótica. No ano de 2017, o instituto desenvolveu o Programa de Consultoria e Capacitação em Cirurgia Robótica para instituições de saúde e profissionais da área.
A urologia é a especialidade que mais utiliza a cirurgia robótica no Brasil. Em 2018, ocorreram mais de nove mil cirurgias robóticas, sendo 55% delas procedimentos urológicos. Já em 2019, foram efetuados mais de 13 mil procedimentos. Em 2020, a quantidade aumentou para cerca de 15 mil. No ano de 2021, a quantidade de cirurgias robóticas realizadas alcançou o total de 24 mil. Existem mais de 100 robôs especializados nesse tipo de cirurgia no país.
Devido aos altos custos, vale lembrar que a cirurgia robótica ainda não é realizada na maioria das unidades de saúde do Brasil. A cobertura pelos planos de saúde é parcial e esse ainda é um recurso limitado aos hospitais de grande porte do país.
Aos poucos, os robôs vão ganhando espaço no Sistema Único de Saúde (SUS). Algumas cirurgias já são realizadas com robôs em instituições médicas como, por exemplo, no Hospital de Amor, em Barretos, no interior de São Paulo, e no Hospital Municipal Vila Santa Catarina, na capital paulista. O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) também faz alguns procedimentos minimamente invasivos com robôs.
Em 2019, é criada pela AMB (Associação Médica Brasileira),a especialidade de norma que regulamenta a certificação da habilitação em cirurgia robótica.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM nº 2.311/2022) regulamenta as cirurgias robóticas no país. Ela fala a respeito dos procedimentos dessa natureza e de quais as competências necessárias para desempenhar atividades com robôs.
Os procedimentos só podem ser desenvolvidos em hospitais com capacidade para atender situações de alta complexidade e só podem ser feitos por, pelo menos, dois cirurgiões:
A resolução também normatiza a telecirurgia robótica, com as seguintes condições: locais devem ter estrutura adequada e segura de funcionamento do equipamento, banda de comunicação eficiente e redundante, estabilidade no fornecimento de energia elétrica e segurança eficiente contra vírus ou invasão de hackers.
O robô cirúrgico mais avançado do mundo e mais usado é o Da Vinci. Leonardo Da Vinci foi um gênio italiano da Renascença. Um nome muito adequado para essa tecnologia.
O robô Da Vinci usado no Brasil é a versão XI. Ele pesa 820 quilos, tem uma altura de 1 metro e 75 centímetros; largura de 98 centímetros. É composto por duas partes:
É o lugar em que o paciente fica durante o procedimento. Tem quatro braços articulados, sendo que um deles apresenta um aparelho que captura imagens e as envia para o console.
Dois braços atuam como mão direita e mão esquerda. O terceiro braço age como mão do cirurgião auxiliar. Nesses três braços, há pinças cirúrgicas que realizam incisões.
O cirurgião fica no console, manipulando os controles que fazem a movimentação do robô. É uma cabine que fica perto da mesa de cirurgia.
Pelo monitor, o médico vê as imagens em 3D do órgão que vai ser operado e que são aumentadas em até 15 vezes. Acoplados ao console estão cinco pedais e dois controles. Cada um movimenta uma parte do robô.
Vamos considerar agora os benefícios que a cirurgia robótica confere aos médicos, principalmente quanto à precisão oferecida.
A elevada tecnologia envolvendo a cirurgia robótica oferece recursos que aumentam a precisão. Já falamos sobre as características do robô cirurgião. As pinças acopladas nos braços executam movimentos em 360 graus e, assim, acessam áreas angulosas e estreitas, com movimentações muito precisas, difíceis de serem efetuadas diretamente por mãos humanas.
O robô apresenta grande habilidade para movimentos mais delicados, como as anastomoses, que são suturas. Não há também movimentos involuntários ou transtornos associados à fadiga.
Podemos citar também outras vantagens que a cirurgia robótica oferece aos médicos e estão associadas à melhor precisão, como:
As cirurgias robóticas também oferecem benefícios para os pacientes: mais segurança, menos riscos de complicações, incisões menores, período menor de internação e de recuperação.
A plataforma apresenta componentes que foram desenvolvidos para diminuir os riscos inerentes à cirurgia. Também usa inteligência artificial para filtrar movimentos indesejados e tremores das mãos do médico.
Por exemplo, se o cirurgião precisar tirar o rosto da tela de controle, é acionado um dispositivo de segurança que, automaticamente, trava o equipamento, o que impede que ocorra qualquer dano à pessoa que está na mesa de operação.
Vale ressaltar que apenas cirurgiões com certificação podem efetivar a cirurgia robótica. O treinamento abrange várias etapas, como muitas horas de cirurgia em um simulador e o monitoramento com cirurgiões experientes chamados “proctors”.
Na maior parte dos casos, a cirurgia robótica produz menor sangramento, redução dos níveis de transfusão, menores riscos de infeção e redução da dor.
Para você ter uma noção, considere que, na cirurgia total de rim, feita de forma convencional, há uma perda de 500 milímetros de sangue. Já na cirurgia robótica, a perda é de 150 milímetros.
Conforme evidências, o procedimento, quando usado no tratamento de câncer de próstata, também permite uma recuperação mais rápida da potência sexual e da continência urinária.
As incisões no procedimento são bem menores, oferecendo uma vantagem estética sobre os procedimentos convencionais.
Como é uma cirurgia pouco invasiva, com incisões menores, riscos menores de complicações (perda de sangue, infecções), haverá alta hospitalar com mais rapidez. A recuperação e o retorno às atividades de rotina ocorrem em menos tempo.
Já vimos que, conforme a regulamentação, é necessário ser qualificado para atuar como cirurgião robótico. Para trabalhar com cirurgia robótica, é necessário receber certificação de especialista. Atualmente, ainda existem poucos profissionais especializados nessa área.
Entre os cursos que existem no país e que oferecem o certificado, podemos citar:
Agora você já sabe os benefícios que o avanço da tecnologia proporciona para a Medicina
A cirurgia robótica é uma das mais inovadoras tecnologias da Medicina. Utilizar robôs para melhorar a eficiência nos procedimentos, que se tornam menos invasivos e menos arriscados, constitui uma revolução no campo da saúde.
As vantagens alcançam tanto a classe médica quanto os pacientes. Para encerrar, vamos apresentar um quadro comparativo entre o tamanho das incisões feitas na cirurgia robótica e na cirurgia comum. As cirurgias tradicionais se caracterizam por cortes maiores, que envolvem mais riscos e deixam o corpo com cicatrizes. Por exemplo:
No procedimento robótico, as medidas dos cortes são bem menores. Assim, é uma tecnologia que contribui também para reduzir o temor que as pessoas têm em relação à cirurgia. Confira:
A cirurgia robótica vai continuar se desenvolvendo e alcançando outras áreas da Medicina. O robô cirurgião vai se aperfeiçoar cada vez mais. E os resultados serão cada vez melhores.O que achou de nosso artigo? É muito importante nos mantermos atualizados na área de saúde. A educação e a aprendizagem são fundamentais. Aproveite para conhecer nosso aplicativo e a nossa Academia Medway. São ferramentas que vão ajudar você, não deixe de conferir!
Catarinense e médico desde 2015, Djon é formado pela UFSC, fez residência em Clínica Médica na Unicamp e faz parte do time de Medicina Preventiva da Medway. É fissurado por didática e pela criação de novas formas de enxergar a medicina. Siga no Instagram: @djondamedway