Fala, galera! Hoje vamos abordar mais um tema do pronto-socorro que, apesar de não muito frequente, ainda é de importante compreensão: a síndrome de Guillain-Barré. Por ser bastante rara, é bem provável que você não saiba diagnosticá-la, tratá-la ou talvez até mesmo defini-la. Mas relaxa: hoje, vamos te explicar tudo que você precisa saber sobre ela.
Bora lá?
A síndrome de Guillain-Barré é um epônimo que engloba uma grande variedade de polineuropatias imunomediadas agudas, comumente monofásicas e desencadeadas por uma infecção prévia. Elas podem atacar tanto a bainha de mielina (formas desmielinizantes) como o próprio axônio (formas axonais).
Os sintomas cardinais da síndrome de Guillain-Barré são: fraqueza e abolição de reflexos osteotendíneos com evolução aguda (ao longo de alguns dias). A fraqueza geralmente começa em membros inferiores e evoluem para membros superiores → por isso a SGB tem evolução cunhada como ascendente. A grande preocupação é que a fraqueza pode acometer a musculatura respiratória e, por isso, alguns pacientes podem precisar de suporte ventilatório invasivo. Além disso, a musculatura bulbar e a facial são acometidas em mais da metade dos pacientes.
Outros sintomas associados à fraqueza da síndrome de Guillain-Barré são:
Vale lembrar que a evolução da Guillain-Barré é AGUDA! Mas o que isso significa? Isso quer dizer que os pacientes podem piorar em até 4 semanas do início do quadro. Porém, a maior parte dos pacientes pioram em até duas semanas. E aí? O quadro clínico descrito te lembrou uma síndrome de Guillain-Barré?! É claro, pessoal!
A forma clássica da síndrome de Guillain-Barré é a polirradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda (do inglês, AIDP), responsável por 85 a 90% dos casos de síndrome de Guillain-Barré. As outras variantes de síndrome de Guillain-Barré são responsáveis pela minoria dos casos.
Sempre busque pela história de infecção nas últimas semanas (seja de vias aéreas ou do trato gastrointestinal) – é um dado muito importante e que reforça a possibilidade do diagnóstico de Guillain-Barré. Se houver história de infecção do trato gastrointestinal nas últimas semanas, lembre-se do principal agente associado: Campylobacter jejuni, associado especialmente à forma axonal da síndrome (chamada Neuropatia Axonal Motora Aguda, que tem a sigla AMAN, em inglês). Outras infecções possivelmente desencadeantes de síndrome de Guillain-Barré são: HIV, citomegalovírus, Epstein-Barr, zika, entre outros.
Alguns exames complementares podem ajudar no diagnóstico:
Então, lembre-se sempre: o diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré é CLÍNICO! Tanto a análise do líquor como a ENMG podem ser normais no início do quadro!
O tratamento é feito com:
O prognóstico da síndrome de Guillain-Barré é bom, pois 60% dos pacientes se recuperam completamente em 1 ano.
Tirou todas as suas dúvidas sobre a síndrome de Guillain-Barré e agora quer saber mais sobre Neurologia no PS? Que tal dar uma olhada no nosso Guia de Prescrições? Lá, você vai encontrar um material gratuito que preparamos para te ajudar a lidar com qualquer emergência!
E se você deseja acumular ainda mais conhecimento, clica aqui para saber mais sobre o PS Medway, nosso curso de Medicina de Emergência que vai te mostrar exatamente como é a atuação médica dentro da Sala de Emergência.
Espero que tenham gostado! Abraço e até mais!
Paranaense nascido em 1990. Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) de Curitiba em 2014. Residência em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Palo (HCFM-USP), concluída em 2019. No HCFM-USP, experiência como preceptor dos residentes entre 2019-2020. Concluiu um fellowship em Neuroimunologia em 2021. Experiência como médico assistente do departamento de Neuropsiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR). "As doenças são da antiguidade e nada se altera sobre elas. Somos nós que mudamos na medida em que estudamos e aprendemos a reconhecer o que antes era imperceptível."