Conhecida por broken heart syndrome (síndrome do coração partido, em português) e cardiomiopatia de estresse, a síndrome de Takotsubo (SKT) é uma condição que afeta o funcionamento cardíaco. Entretanto, você sabe como ela funciona?
Preparamos este artigo com as principais informações sobre essa doença. Então, continue a leitura para saber as principais manifestações e o tratamento para síndrome de Takotsubo.
O nome Takotsubo tem origem japonesa e é um tipo de armadilha usada para pegar polvos (tako = polvo) — como o coração parece no ecocardiograma! Há relatos do cientista japonês Sato descrevendo essa condição.
Porém, antes disso, existem evidências de que pesquisadores percebiam as pessoas tão estressadas que sofriam sem nenhuma outra causa aparente ou trauma relacionado.
O tempo passou e, em 2004 ocorreu um terremoto severo no Japão. Então, ficou constatada a chamada síndrome de Takotsubo ou síndrome do coração partido, principalmente em povos que residiam perto do epicentro do terremoto. Em 2005, o New England Journal of Medicine reconheceu a síndrome.
A cardiomiopatia de estresse pode ser definida por disfunção sistólica regional transitória, principalmente do ventrículo esquerdo (VE). Ela simula uma síndrome coronariana aguda (SCA). Porém, na síndrome de Takotsubo, as coronárias são lisas! Ou seja, não há obstrução por placa nem ruptura.
Estudos da Itália, da Alemanha e do Reino Unido concluíram que a síndrome ocorre em 1 ou 2% dos pacientes com suspeita de síndrome coronariana aguda (com troponina positiva e/ou supradesnivelamento do segmento ST). Além disso, ela acontece com mais frequência em mulheres idosas.
Então, surge a pergunta: é necessário levar em consideração a história positiva na família do paciente? Os estudos que atuam em favor dessa hipótese são pequenos e limitados.
Os mecanismos bem estabelecidos dessa síndrome são:
As catecolaminas causam estresse metabólico e induzem vasoespasmo vascular, que atordoa os cardiomiócitos (células musculares do miocárdio). Além disso, por si só, elas têm um efeito tóxico na parede do vaso.
Em situações de estresse físico e emocional, há um aumento de catecolaminas (ex.: norepinefrina), o que atua em favor dessa hipótese. Outra situação de excesso de catecolaminas é o feocromocitoma.
Para avaliar o quadro clínico dos pacientes que apresentam a condição, é muito importante verificar o histórico para reconhecer os sintomas da síndrome de Takotsubo. Em primeiro lugar, tenha em mente que os casos mais relatados são de:
As principais manifestações são: dor torácica, dispneia e síncope (nessa ordem de prevalência). Outros sintomas relatados são taqui ou bradiarritmias, sinais de insuficiência cardíaca e regurgitação mitral importante. Hipotensão, sudorese e choque também são descritos na literatura.
Devido à hipocinesia do ápice do coração (principalmente do VE), há uma obstrução na saída do VE. Por causa disso, surge um sopro sistólico de pico tardio.
Em primeiro lugar, o diagnóstico da síndrome de Takotsubo deve ser desconfiado em mulheres idosas (pós-menopausa, principalmente). É importante a busca ativa, ou seja, perguntar se houve algum gatilho emocional, fator estressante ou evento que possa ter desencadeado o quadro. Confira alguns critérios de diagnósticos:
nesses casos, deve-se solicitar ECG + troponina I + ECOTT (para avaliação da função sistólica do VE) + angiografia coronária.
O prognóstico é bom, enquanto a recuperação ocorre em três semanas, em média. É preciso sempre internar o paciente em uma Unidade de Terapia Intensiva e, se for disponível, na Unidade Coronariana. Não há um medicamento específico para a síndrome de Takotsubo. A base do tratamento são medidas de suporte.
Vale relembrá-las: monitorização dos sinais vitais (ritmo cardíaco, oxigenação e pressão arterial) e suporte ventilatório conforme demanda (considerar cateter, VNI ou intubação orotraqueal, se for necessário). Se houver insuficiência cardíaca ventricular esquerda concomitante, trate-a.
Caso haja obstrução da saída do VE, os inotrópicos vão piorar a situação do paciente, pois agravam ainda mais a obstrução. Por isso, é necessário usar os betabloqueadores citados.
Entendeu tudo sobre a síndrome de Takotsubo? Então, confira outros conteúdos que publicamos no blog e os materiais da Academia Medway! Eles foram feitos especialmente para você mandar bem no seu plantão e ficar por dentro dos mais variados assuntos.
Nascida em Santos em 1995 e formada pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2019. Residência em Clínica Médica pela Secretaria Municipal de Saúde (SUS - SMS) em São Paulo. Seu próximo passo é entrar em Cardiologia, inspirada pela sua mãe, médica da área.