Pessoal, a apendicite aguda é uma das principais causas de abdome agudo inflamatório no mundo todo. Então seja no Brasil, seja na Rússia, precisamos reconhecer um quadro de apendicite aguda, e conseguimos isso reconhecendo os sintomas desse quadro tão típico.
Pra deixar o artigo bem legal, vamos dividir o nosso raciocínio em 2 partes:
“Dr.(a), tô com uma dor de barriga esquisita. Começou faz 1 ou 2 dias e estava espalhada pela barriga, mas de ontem pra cá ela ficou mais forte e veio aqui pro lado de baixo e da direita da barriga. Eu tô comendo menos, tô enjoado e vomitei um pouco esses dias.”
Gravem esse trecho! Se vocês já atenderam um paciente com apendicite, provavelmente ouviram uma história semelhante a essa.
Classicamente, temos um quadro com início de dor periumbilical (aferência neuronal visceral, difícil de localizar, comumente referida como difusa ou espalhada), acompanhada de hiporexia (ou anorexia) e náuseas. Eventualmente, o paciente pode apresentar disúria (queixa importante para um dos grandes diagnósticos diferenciais da apendicite).
Com a evolução da doença, nota-se uma migração da dor para o quadrante inferior direito do abdome (FID). Atenção para esse sintoma! Esse é o mais confiável para o diagnóstico de apendicite aguda. Podemos observar vômitos e alteração do hábito intestinal (tipicamente, diarreia), em geral pouco recorrentes (mais comuns nas gastroenterites agudas) e febre (mais baixa enquanto não houver complicação supurativa).
Percebam que, isoladamente, cada um dos achados abre um leque enorme de diagnósticos diferenciais (sobre os quais falaremos em breve) mas, juntos, aumentam a suspeição para tal diagnóstico.
Podemos encontrar febre baixa (por volta de 38 ºC), ruídos hidroaéreos diminuídos ou ausentes, dor localizada em fossa ilíaca direita, mais especificamente no chamado: ponto de Mc Burney.
Informação essencial para esse assunto. O ponto de Mc Burney é aquele localizado na linha imaginária traçada entre a espinha ilíaca ântero-superior e o umbigo, na junção entre o terço lateral e o terço médio.
Mas como nem tudo são flores no mundo da medicina, essa dor no ponto de Mc Burney pode não existir. Já que são variadas as possíveis posições e tamanhos dessa estrutura “inútil” que a natureza no presenteou ao longo da evolução do ser humano. (Para quem quer cirurgia, vocês vão adorar o apêndice! Vão adorar arrancar!)
A tabela abaixo apresenta diversos sinais semiológicos de apendicite.
Pessoal, aqui é mais para os conhecimentos da vida e, passem o olho com muita tranquilidade em manifestações atípicas de apendicite!
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Nascido em 1993, em Maringá, se formou em Medicina pela UEM (Universidade Estadual de Maringá). Residência em Medicina de Emergência pelo Hospital Israelita Albert Einstein.