Fala, pessoal, tudo certo? Hoje vamos falar sobre o tratamento da gota e te mostrar tudo que você precisa saber sobre o assunto. Então, se quiser aprender mais, basta continuar a leitura com a gente!
Se liga neste caso clínico:
Temos o paciente SJC, 67 anos, que chegou ao pronto-socorro se queixando de dor intensa no pé direito iniciada há 6h. Paciente previamente hipertenso e diabético, em uso de enalapril, anlodipino e metformina.
Ao exame físico, hiperemia de articulação da 1ª metatarsofalangiana direita, com intensa inflamação e dor local. Negava episódios anteriores.
Após realizar artrocentese, confirmamos o diagnóstico de gota devido à presença de cristais em formato de agulha com birrefringência negativa.
Bom, para começarmos nossa discussão, devemos entender que a parte fundamental do tratamento é a educação do paciente sobre o diagnóstico, uma vez que isso fará com que ele tenha mais consciência das atitudes que precisa tomar.
No caso de SJC, temos uma crise aguda de gota como o primeiro episódio, portanto, não devemos, ainda, entrar com medicações uricorredutoras (uma vez que a crise de gota surge quando ocorre flutuação nos níveis de ácido úrico).
O que devemos fazer primeiramente é melhorar o quadro agudo. Para isso, dispomos das seguintes opções terapêuticas:
Na prática, usamos o AINH e a colchicina até a melhora do quadro agudo e só depois entramos com a medicação redutora de ácido úrico (o alopurinol, por exemplo), com recomendação de manter a concentração sérica de ácido úrico abaixo de 6 mg/dL. Falaremos mais sobre essa intervenção mais para frente no texto.
Nesse cenário, também é importante educar o paciente sobre a possibilidade de crises futuras, nas quais ele poderá iniciar o tratamento da crise aguda diante dos primeiros sinais e sintomas, de preferência, dentro de 24 horas. Devemos também indicar repouso relativo e compressa de gelo nos primeiros dias.
Além disso, esse paciente deverá ser orientado sobre a importância de uma dieta hipocalórica e com baixo teor de purinas, redução do consumo de bebidas alcoólicas, refrigerantes e bebidas energéticas.
Bom, até aqui entendemos que SJC precisará manter a concentração de ácido úrico sob controle. Para isso, além das orientações que já comentamos, iremos usar medicações que ajudam a manter o ácido úrico baixo.
Esse controle pode ser feito de 2 formas: utilizar medicamentos que reduzem a produção de ácido úrico ou medicamentos que aumentam a sua excreção na urina.
Reduzem a produção de ácido úrico:
Aumentam a excreção urinária de ácido úrico:
Devemos avisar o paciente que, com a introdução dessas medicações, algumas crises podem ocorrer, pois os medicamentos podem causar a dissolução dos depósitos, com liberação de cristais para a corrente sanguínea, o que irá causar uma oscilação nos níveis de ácido úrico (crise de mobilização).
Isso é exatamente o que esperamos em um primeiro momento e quer dizer que a medicação está cumprindo seu papel e não deve ser interrompida. Por conta disso, costumamos utilizar colchicina ou AINH nos primeiros meses do tratamento hipouricemiante.
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Bons estudos!
Bianca Bolonhezi. Nascida em São Paulo/SP em 1996, formou-se em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC em 2020. Apaixonada pelo comportamento humano e seus desdobramentos. Uma ávida leitora que, no meio de tantos livros, se encantou pela educação.