Olá, doutores! Este artigo abordará o tromboembolismo pulmonar – o famoso TEP – no contexto da radiologia. Quero te explicar quais exames de imagem identificam a doença, como são executados, qual a acurácia, indicações e achados.
Se você não leu nosso artigo anterior – Tromboembolismo pulmonar: da definição ao tratamento –, vale a pena conferi-lo, porque contém conceitos básicos da patologia que não abordaremos aqui. Bora?
É a obstrução da artéria pulmonar e seus ramos por um êmbolo que surge a partir de um trombo no interior de alguma veia, geralmente do sistema venoso profundo, principalmente da perna (trombose venosa profunda, ou TVP). Porém, além dos TROMBOembolismos pulmonares, temos também embolias pulmonares por outros materiais, sólidos, líquidos ou até gasosos, capazes de causar repercussões respiratórias e hemodinâmicas (embolia gordurosa, embolia gasosa… Sacou?).
Trata-se de patologia de elevada letalidade, notadamente em pacientes que não tiveram seu diagnóstico realizado. Portanto, é fundamental identificá-lo logo, para iniciarmos o tratamento o quanto antes.
Pergunta show, doutores! Os sinais e sintomas são inespecíficos, muitas vezes somente dessaturação ou dispneia. Então, quando você está lidando com pacientes na sala de emergência, unidade de terapia intensiva ou internados graves, por exemplo, é importante ter uma alta suspeição: “desconfiar que acontece com frequência”.
E aqui vai uma informação mind-blowing: apesar de ser importante suspeitar de um TEP em pacientes graves, você não vai fazer o exame de imagem em todo mundo! Afinal, isso envolve custo, radiação e contraste.
Você deve antes realizar o escore pré-teste, o famoso Escore de Wells. Em outras palavras, somamos a sua suspeita e experiência clínica baseada nos sinais e sintomas com as características do paciente presentes no escore.
Com a avaliação desses dois quesitos, aí sim, o exame de imagem é solicitado ou procuramos outras causas antes de aventar novamente o diagnóstico de TEP. Sério, dá uma olhada no nosso artigo que fala de TEP de uma forma mais voltada para a clínica.
Porque o exame de imagem é o único método diagnóstico que temos na medicina atual para bater o martelo que o paciente está com um TEP.
As opções são a radiografia simples de tórax, a angiotomografia computadorizada de tórax (com contraste, porque sem contraste não vale, tá? Queremos ver um vaso!), a ultrassonografia de tórax, a ressonância magnética de tórax e a cintilografia pulmonar.
Era muito utilizada na era pré-tomografia, mas não a usamos hoje em dia para diagnóstico nem para levantar suspeitas. Afinal, ela não nos permite observar o trombo; o que ela nos fornece são achados indiretos. Aqui, o mais relevante é entender essa historinha que te contei agora e quais são esses achados:
Fonte: Radiopaedia.
Se você tem dificuldades interpretando raio-x de tórax e abdome, sugiro dar uma olhada no nosso e-book gratuito ABC da radiologia: raio-x de tórax e abdome. Lá nós te damos um passo a passo para a interpretação de radiografia simples de tórax e abdome, ideal para você dar o pontapé inicial nos seus estudos sobre o raio-x e ficar por dentro deste que segue sendo o método de imagem mais disponível nos serviços no Brasil!
Aqui, meu olho brilhou! A angiotomografia computadorizada de tórax com uso de contraste iodado por via intravenosa é o exame mais utilizado no mundo para o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar na atualidade.
Este título não é à toa. Trata-se de um exame com elevada acurácia para esta patologia, disponível na maioria dos hospitais, com custo razoável e rápido para ser executado.
Aqui vão os achados:
Oxe, só isso? Sim, simples e fácil!
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A ultrassonografia point-of-care (aquela à beira do leito) pode ser realizada, mas não nos fornece achados consistentes e diretos. Logo, não deve ser executada em pacientes hemodinamicamente estáveis, já que estes são elegíveis para realizar a tomografia. No caso de pacientes hemodinamicamente instáveis, o exame pode ser interessante para elevar a suspeição, mas somente isso.
Você precisa compreender que é um exame de elevado custo, difícil acesso e demorado para executar, que em nada se destaca da tomografia. Seus achados são os mesmos da tomografia computadorizada.
Pode ser útil em pacientes que não podem usar iodo (alérgicos, por exemplo), já que usamos gadolínio na ressonância magnética ou quando queremos evitar um exame com radiação.
Objetiva identificar alteração na relação ventilação/perfusão, utilizando-se das técnicas da medicina nuclear. Este é o padrão-ouro, mas, novamente, é outro exame de elevado custo e difícil acesso, que tem sim acurácia mais elevada que a tomografia, mas não suficiente para justificar seu uso de forma rotineira.
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Ficou com alguma dúvida acerca do assunto? Deixe um comentário aqui embaixo! Será um prazer respondê-lo!
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