Fala pessoal! Dando sequência na série de manejo de via aérea, hoje vamos falar de um dos principais passos para identificação de uma via aérea difícil, a aplicação do mnemônico ROMAN.
No manejo da via aérea é essencial determinar os fatores de risco que atribuem dificuldade durante os principais procedimentos que devem ser realizados, como laringoscopia direta, passagem do tubo, ventilação com dispositivo bolsa válvula máscara (VBM), manejo cirúrgico e ventilação com dispositivo extraglóticos (como a máscara laríngea).
Para avaliar esses fatores preditores de risco, foi criado alguns mnemônicos que facilitam a memorização e levam o profissional a prever com maior assertividade possíveis intercorrências ao longo do manejo.
Dentre esses mnemônicos, o ROMAN é importante para predizer pacientes que podem apresentar dificuldade na Ventilação Bolsa Máscara, avaliando os seguintes critérios:
Agora, vamos falar um sobre cada um dos componentes!
A radiação na região da cabeça e pescoço reduz a flexibilidade dos tecidos e está fortemente ligada à dificuldade de ventilação de resgate. Além disso, a restrição denota a dificuldade com que o ar chega aos pulmões e está aumentada em doenças como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, edema pulmonar e redução da complacência pulmonar.
A obstrução das vias aéreas superiores faz com que o ar tenha dificuldade de transitar tanto na inspiração como na expiração, necessitando de maiores pressões na VBM para isso. A obesidade também é um fator dificultador, pois o excesso de tecido faz com que a força necessária para ventilação seja maior, sendo que o peso do tórax dificulta a passagem livre de ar. Além disso, a obesidade por si representa também uma doença restritiva, que impede a expansibilidade torácica.
A escala de Mallampati III e IV também é um fator que dificulta a VBM por apresentar uma anatomia desfavorável ao fluxo, sendo um fator de resistência à passagem do ar. Já o sexo masculino dificulda pela presença da barba, que propicia frestas de ar e impede que a borracha acople adequadamente com a pele e vede o sistema.
Estudos sugerem que idade avançada é também fator de dificuldade para a VBM. A perda de elasticidade e o aumento de incidência de doenças pulmonares podem justificar.
A arcada dentária serve como uma estrutura de sustentação da bochecha, o que possibilita uma melhor aderência entre a borracha e a pele do paciente, auxiliando na vedação do sistema. Pacientes sem dentição perdem a sustentação anatômica, o que dificulta o encaixe da máscara à face do paciente e promove também uma dificuldade na VBM.
É importante comentar ainda que a incidência global de VBM difícil é baixa. Em um estudo prospectivo e observacional com 1502 pacientes, foi verificado que a presença de VBM difícil ocorreu em 5% dos pacientes, sendo somente 1 deles com VBM impossível.
Para finalizar, os mnemônicos são ferramentas de memorização importantíssimas dentro da área médica e são especialmente relevantes para tópicos nos quais a informação decorada traz agilidade no atendimento ao paciente e, consequentemente, melhores desfechos.
Assim, os mnemônicos que permeiam o tema “Manejo de Via Aérea” são fortes aliados no cotidiano médico, sendo que devemos sempre dar uma atenção especial a eles.
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Espero que tenham gostado do conteúdo, até a próxima!
Uptodate – Approach to the difficult airway in adults for emergency medicine and critical care.
Protocolo de Via Aérea na Emergência – HCFMUSP.